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Voleibol
16 abril 2025, 15h50
Ivo Casas e Marcel Matz
Aos meios do Clube, treinador e capitão fizeram uma radiografia dos leões – que já defrontaram quatro vezes nesta temporada –, olharam para dentro do próprio grupo e falaram na importância dos adeptos para as águias chegarem ao hexacampeonato.
Qual é a expectativa, o que é que vocês esperam da parte do Sporting, e o que é que os Benfiquistas podem esperar da vossa parte?
Marcel Matz: Uma série que está a começar nesta semana, estou muito confiante. Não passa por uma confiança do treinador, eu estou confiante pelo trabalho que os jogadores vêm fazendo nestes últimos meses, têm trabalhado duro, mostrando-se disponíveis para qualquer tipo de jogo. Será uma série longa, uma série que não vai ser decidida já nesta semana. Tenho boas expectativas, de que vamos conseguir jogar bem, de que vamos saber adaptar-nos ao adversário, já o conhecemos melhor em relação ao início da temporada, então estou confiante, estou focado em trabalhar duro, tentar fazer o melhor possível para lhes dar, antes do jogo, o que pode ser necessário. E depois eu conheço muito bem a equipa que tenho. Eu sei dessa capacidade deles, da experiência que eles têm, da vontade, do caráter. Enfim, eu tenho a certeza de que eles vão lutar muito para conseguir o hexacampeonato.
Como é que está a decorrer a preparação, o que é que os Benfiquistas podem esperar da equipa, e o que é que a equipa espera do adversário?
Ivo Casas: Acho que aquilo que os Benfiquistas podem esperar de nós é aquilo que sempre esperaram e que nós, posso dizer, nunca deixámos ficar mal, que é lutarmos sempre por cada ponto, por cada set, por cada jogo, até ao limite, e isso vai continuar a acontecer. Sabemos que é o principal objetivo da época, se calhar o nosso e o do Sporting, são duas equipas que lutam pelo mesmo objetivo, assumem desde o início do Campeonato que é o principal objetivo de ambas, por isso, como é óbvio, aquilo que se pode esperar é que vão ser confrontos de grande intensidade, com grande entrega, e com a certeza de que aquilo que nós construímos ao longo da época, inclusive ao termos o fator casa, pode ser uma coisa que pese bastante no final. Porque, tradicionalmente, jogar em casa tem outro peso. E, normalmente, as equipas jogam melhor em casa. Por isso, contamos... Se calhar é um bocadinho cedo para fazer este apelo, mas acho que contamos mesmo com uma casa cheia, e que também faça a diferença ter esse público do nosso lado a apoiar-nos, porque, com certeza, quando for em casa do Sporting, vamos esperar adversidades. Por isso, sim, como disse o Marcel [Matz], é uma série longa. Começa só nesta semana, não se decide nada nesta semana, mas claro que o objetivo é ganhar já o próximo jogo, já o primeiro da final, e entrar com o pé direito. E, mais uma vez, voltando ao que disse anteriormente, chegamos a este momento acho que talvez no nosso melhor momento de forma. Toda a gente está bem, temos toda a equipa disponível, toda a gente se sente bem e se sente capaz de ajudar e de contribuir, por isso, é mais uma dor de cabeça aqui para o treinador do que, provavelmente, para nós. Nós queremos é que comece, queremos aquela ansiedade boa de 'nunca mais chega', queremos é estar nestes momentos, queremos jogar nestes momentos. E, felizmente, estamos habituados a jogá-los. Por isso, aquilo com que podem contar é o de sempre, voltando ao início da questão: é entrega, luta e, com certeza, se estivermos todos em sintonia, no final, levantamos mais um caneco.
"Faz seis anos que não perdemos (houve um ano em que o Campeonato não se jogou). Então, não tenho dúvida de que eles virão com tudo. Vão tentar fazer o máximo para tentar vencer. Mas nós não vamos facilitar, como é óbvio, queremos o hexacampeonato"
Marcel Matz
Quatro jogos realizados entre as equipas nesta temporada. O Benfica venceu o último já numa fase final da 1.ª fase. Analisando esses jogos, e sabendo que não há jogos iguais, o que é que o Benfica pode retirar das experiências destes jogos passados?
Marcel Matz: O Sporting tem uma equipa que está muito padronizada. Foi uma opção do treinador. Tem seis jogadores que são muito utilizados, e faz uma troca mais recorrente, que muda, muitas vezes, a característica do jogo, uma troca de distribuidor. Como eu disse na pergunta anterior, no início da época nós não tínhamos recurso de avaliação. Neste momento, é totalmente diferente, já temos muita informação a respeito do Sporting. Cabe-nos agora conseguir aplicar isso na prática e fazer com que o Sporting sinta dificuldades. Eu acho que é extremamente possível parar as principais situações que eles têm. Da mesma maneira que eles têm capacidade física para nos parar também. É um jogo aberto, é um jogo equilibrado. Em casa, ninguém ganhou ainda. Voltando a falar do fator casa. Foram jogos fora de Lisboa. Depois, em casa, tivemos um contratempo. O [Felipe] Banderó quase matou o Ivo [Casas] no jogo aqui. Depois, no jogo lá, conseguimos uma vitória e o 1.º lugar. E agora temos o fator casa para decidir. Então, situações um pouco atípicas. Começámos muito fortes aquele jogo em casa. Fizemos um primeiro set arrasador. No início do 2.º set, o jogo já mais equilibrado, temos esse contratempo. Tivemos esse azar e que pode, ou não, ter condicionado um pouco o jogo. Atrapalhou-nos, não tirando o mérito do Sporting nessa vitória. Mas é um confronto aberto. É um confronto que as duas equipas querem ganhar. Não há a menor dúvida de que o Sporting quer ganhar-nos muito. Faz seis anos que não perdemos (houve um ano em que o Campeonato não se jogou). Então, não tenho dúvida de que eles virão com tudo. Vão tentar fazer o máximo para tentar vencer. Mas nós não vamos facilitar, como é óbvio, queremos o hexacampeonato.
Bilhetes para o jogo
O que é que o Benfica pode retirar desses quatro dérbis já jogados nesta temporada?
Ivo Casas: Acho que não há muito a acrescentar àquilo que o Marcel disse, a análise está feita. Aquilo que nós sabemos é que, de ano por ano, fica cada vez mais difícil ganhar o Campeonato. E fica mais difícil porque toda a gente quer ainda mais tirar-nos esse título de campeão. E porque as equipas também trabalham e se reforçam nesse sentido, de tentar, de ano para ano, melhorar, da mesma maneira que nós o fazemos. Mas nós, felizmente, somos os campeões em título. Ou os pentacampeões em título, na verdade. E não estamos satisfeitos. Não queremos ficar por aqui. Por isso, aquilo que podemos esperar, mais uma vez, é um grande confronto, uma equipa que vai querer fazer tudo para nos ganhar, tem o mesmo objetivo que nós, e acho que tem qualidade no plantel para ter o mesmo objetivo que nós. Sem dúvida alguma, é uma equipa bastante equilibrada, com valores físicos, técnicos e táticos também de nível alto. Por isso estamos à espera de dificuldades, como é óbvio. Mas também com a confiança de que sabemos o nosso valor, sabemos as nossas capacidades. E o jogo é jogado. Portanto, isto vai ser momento a momento, ponto a ponto, acho que vai ser literalmente ponto a ponto, set a set. Lidar bem com as emoções durante o jogo. Com o decorrer do jogo. Vai haver momentos melhores, momentos piores. Como é óbvio. Para as duas equipas. E acho que no final acaba por ser um jogo em que as emoções e gerir melhor os momentos, gerir melhor os timings do jogo, se calhar, neste nível, acaba por fazer a diferença. Não sei se vai passar por aí, mas diria que terá um peso grande. De certeza. Porque o nível técnico, tático e físico existe dos dois lados. Vão ser sempre jogos duros, sempre jogos batidos até o limite. Por isso, acho que vai passar muito por saber gerir momentos, saber gerir emoções. Atletas, treinadores, isto vai ser uma gestão muito grande de todos. Sem negociar a vontade e a entrega. Mas, claro, percebendo o que é que está a acontecer no momento. E tentando colmatar uma dificuldade aqui, uma dificuldade acolá, o que estamos a fazer bem, o que estamos a fazer mal. Sabendo que, do outro lado, a equipa contrária está a tentar fazer exatamente o mesmo. Então, isto é um bocado repetitivo, mas acho que vai passar mesmo por isto, vai passar por capacidade de sofrer, gerir momentos, e sem desistir, sem entregar nunca. E chegar ao final esperando que isto sirva para ganhar.
Foi um percurso longo até à final e por isso também vale a pena olharmos e analisarmos a vossa prestação na 1.ª fase do Campeonato. Foram 21 vitórias em 22 jogos, o 1.º lugar, 64 sets vencidos e 12 perdidos. O que é que o Benfica retira dessa prestação na 1.ª fase e como é que isso também contribuiu para chegarem bem a esta fase final do Campeonato?
Marcel Matz: Retira três jogos em casa e dois fora, se for preciso [risos]. O objetivo é sempre ser 1.º ou 2.º [classificado]. Eu nunca coloco o objetivo de ser 1.º oficialmente no início da época aos jogadores, até porque muitas vezes nós podemos ficar um pouco condicionados até na questão de desenvolver a equipa. Então, 1.º ou 2.º é um bom objetivo, jogar as meias-finais em casa. Trabalhamos para ser 1.º ou 2.º, e quando conseguimos ser 1.º claro que é melhor. Conquista-se um objetivo da fase regular e jogam-se mais jogos em casa. Eu sinto-me melhor em casa, no Pavilhão n.º 2 da Luz, com o apoio dos adeptos, da família e tudo, é muito melhor. Nós conseguimos esse fator casa, respeitámos todos os adversários, conseguimos vencer toda a gente. Perdemos um jogo em casa contra o Sporting, senão podíamos ter feito 22 [vitórias] em 22 [jogos]. Mas isso é passado, já foi, serve como base para estudo só. Está 0-0, agora é ir para cima, trabalhar bem. Eu disse-lhes [aos jogadores] que temos de aproveitar toda a estrutura que o Clube tem, saber levar o dia a dia com uma ansiedade boa, sem qualquer tipo de receio, trabalhar forte, não economizar nos treinos. Ainda há trabalho pela frente, depois do 1.º jogo, há mais oito dias até ao 2.º jogo. Tem de se confiar no trabalho, tem de se confiar no feedback que eles próprios dão uns aos outros, no que trazemos de fora para dentro. Não dá para jogar só na motivação e no medo, porque senão fica meio complicado. Tenho a certeza de que vão estar bem. Passou, a 1.ª fase do Campeonato passou, 22 jogos, 21 vitórias, isso já foi. Agora são três jogos em casa e dois fora, se for preciso, e nós vamos entrar com tudo.
"Nós queremos é que comece, queremos aquela ansiedade boa de 'nunca mais chega', queremos é estar nestes momentos, queremos jogar nestes momentos. E, felizmente, estamos habituados a jogá-los"
Ivo Casas
Sente-se que a equipa foi crescendo desde o início da época até ao dia de hoje. Qual é o balanço que faz?
Ivo Casas: Acho que estamos a jogar um voleibol muito melhor, muito mais atrativo, do que estávamos no início da época. Disso tenho a certeza. Houve uma clara evolução. Trabalhou-se bem e com o foco de estarmos neste momento onde estamos, na posição em que estamos também. Felizmente não tivemos muitos azares ao longo da época. Poucas lesões, temos quase sempre toda a gente disponível, o que é ótimo. Faz com que a equipa cresça e todos cresçam também. E, sim, sem dúvida alguma, sinto que chegamos a este momento, como já disse, no nosso melhor momento de forma. E isto é uma análise não só da minha prestação, acho que falo em nome de todos os atletas. Acho que toda a gente se sente bem, se sente muito capaz neste momento. E, se calhar, noutros momentos da época, não. É bom sinal. É sinal de que aquilo que se fez foi bem feito. É sinal de que conseguimos chegar a este momento na melhor forma. E agora é jogar. É bom já termos passado, ou uma grande parte dos jogadores da equipa já ter passado, por este momento várias vezes. E faz com que o dia a dia também seja gerido de forma diferente. Às vezes, quem passa poucas vezes sente ansiedade. E acho que nós sabemos dosear bem esta emoção. Portanto, é fazer da mesma forma. Trabalhar bem, com qualidade, com consistência, com muita dedicação. E acho que os frutos estão aí. Acho que se tem visto nos nossos jogos. E quem tem a sorte, às vezes, de ver um treino ou outro também percebe que a dinâmica de treino é boa, que é interessante, que há muita entrega já em treino. E isso depois reflete-se da melhor forma em jogo. E pronto, trouxe-nos a este momento da época na melhor posição em que podemos estar.
Os cinco jogos distribuídos entre o Ala [Nun’Álvares] e o Leixões nesta fase a eliminar foram bons testes para a final com o Sporting?
Marcel Matz: O Sporting tem uma equipa mais competitiva do que os adversários da meia-final. Não são testes comparativos. Acho que o confronto entre Benfica e Sporting vai exigir mais das duas equipas. Vamos ser bem francos, e não desvalorizando o que o Leixões e a Académica de Espinho fizeram, pois ambos fizeram uma temporada boa, mas há mais capacidades no dérbi de Lisboa. Só jogámos um jogo com o Sporting, em fevereiro, então faz tempo que a gente já não joga. O Sporting ficou fora da final four da Taça [de Portugal], então na sexta-feira o jogo também passa um pouco pelo efeito surpresa, para ver como é que as equipas estão.
Qual é a importância que os Benfiquistas podem ter numa possível vitória vossa?
Ivo Casas: Acho que para nós não tem sido um problema jogar no João Rocha. Acho que é um pavilhão com condições boas para se jogar voleibol, e o ambiente que se cria, nós também conseguimos sempre levar alguns adeptos, portanto, também sentimos apoio dos nossos adeptos mesmo lá, é bom de se jogar lá, mas, claramente, jogar em casa é muito melhor. E aquilo que eu digo sempre, um dos apelos que faço ao longo da época, é que o apoio do público é fundamental nos momentos piores. Nos momentos melhores, é ótimo estarem ali para celebrar connosco e festejar connosco. Mas quando nós lá dentro sentimos realmente que somos levantados às vezes, é quando as coisas não estão bem, e sentimos que a malta de fora acredita, e continua a acreditar, e continua a acreditar, e a puxar. O que passa para dentro é, principalmente nesses momentos um bocadinho piores, sentir que não somos só nós a remar, que há todo um pavilhão a remar connosco. Nos momentos bons, quando as coisas correm bem, as coisas realmente fluem naturalmente dentro de campo. E só o simples facto de a equipa que está a jogar fora de casa nesse momento sentir que está abaixo já é um bocadinho um comboio em andamento, já é difícil de parar. Ao contrário é que às vezes pode ser um problema, e aí eu acho que é o peso melhor, o peso fundamental dos nossos adeptos, de onde se sente a mística, é o levantar-nos, é galvanizar-nos para sair do buraco, às vezes sair do poço, e conseguir ainda ir buscar um set, ou ir buscar um jogo, que parece que está mal encaminhado. Portanto, acho que faz toda a diferença, e espero que na sexta-feira se sinta já isso. Como é o primeiro jogo em casa, já dissemos, não decide nada, mas é sempre melhor começar a ganhar, e nós queremos muito esta vitória. É algo que temos de desvalorizar o facto de acontecer a derrota, tem de desvalorizar, ainda é longa a série, mas, como é óbvio, se ganhamos, estamos um jogo mais perto de ser campeões, já só faltam dois, faltam três. Por isso, tem a importância que tem, tem a importância do primeiro jogo da final do Campeonato Nacional. Portanto, é usar as armas todas em todos os jogos, e aí uma das nossas principais armas é o público e a mística, é o jogar em casa, por isso com certeza que eles não nos vão deixar ficar mal, e vão encher aqui este pavilhão, e no final vamos celebrar juntos a primeira vitória.
Concorda com Ivo Casas? Espera viver, recordar, tardes e noites épicas de voleibol como as que tem vivido nestes últimos anos?
Marcel Matz: Concordo, o apoio dos adeptos é fundamental, mas quem decide são eles [jogadores] lá dentro, quem joga são eles. Quando estão mais suportados, vamos dizer assim, fora da quadra, melhor, mas têm muita capacidade de jogar, de trabalhar dentro da quadra. Eu acho que vai passar mesmo por saber suportar os momentos de como jogar em dificuldade, como jogar em superioridade, quando estivermos a jogar bem, saber também aproveitar esse momento. Eu acho que uma característica que a equipa de voleibol ao longo do tempo tem é que há sempre muita confiança no processo, muita confiança neles [jogadores]. Então, quando a coisa não corre tão bem e quando perdemos – e perdemos pouco –, logo conseguimos dar a volta e continuar a ser otimistas para voltar a vencer. E depois há também o outro lado: são jogadores difíceis de trabalhar no dia a dia, porque quando vencem também não relaxam, também continuam a 'picar-se', continuam a provocar-se para tentarem ser melhores. Estou muito seguro de que qualquer que seja como for o início desta eliminatória, o treino de hoje, ou o de amanhã, eles vão estar sempre focados em fazer um bom trabalho. E se for melhor para eles poderem ter sempre o apoio dos adeptos, vai ser sensacional. Eu acho que é importante para o Clube também, as modalidades a chegarem agora à reta final e ter apoio dos adeptos. Vamos estar preparados para fazer um bom jogo, contando com o apoio das bancadas.