"A nossa ambição é seguir em frente"

ANTEVISÃO

Na antevisão do embate desta terça-feira, 24 de junho, frente ao Bayern Munique, da 3.ª e derradeira jornada do Grupo C do Campeonato do Mundo de Clubes, Bruno Lage deu conta das "melhores expetativas" do Benfica em fazer um "grande jogo" que lhe permita avançar aos oitavos de final do torneio.

Na conferência de Imprensa realizada no Bank of America Stadium, palco do jogo ante o campeão alemão, o treinador das águias insistiu na necessidade de o Benfica aumentar os seus índices de agressividade, não só para a disputa da competição organizada pela FIFA, mas já a pensar na próxima temporada.

Revelando que só vai tomar uma decisão sobre a utilização de Florentino no dia do jogo [terça-feira], o comandante encarnado garantiu que escolherá o "melhor onze do momento", sem, porém, colocar em causa os "interesses" do Clube para a próxima época, bem como a saúde dos jogadores.

Bruno Lage também abordou o embate de Munique entre as duas equipas, de 6 de novembro de 2024, para a fase de liga da Liga dos Campeões (1-0), adiantando que a ambição da equipa passa por ter a capacidade de repetir no momento ofensivo o bom que fez no momento defensivo.

Quais são as expetativas para este jogo contra o Bayern, no qual, mais uma vez, vai contar com um adversário extra, o calor? As previsões apontam para cerca de 36 graus à hora do jogo...

É verdade. As expetativas são as melhores. Nós queremos fazer um grande jogo, que nos permita seguir em frente na prova. Sabemos que é um jogo importante para nós, mas também sabemos que os interesses do Benfica não se esgotam amanhã [terça-feira]. E, como tal, vai entrar em campo aquele que é o melhor onze neste momento para vencermos o jogo. Porque aquilo que não podemos ter neste momento é uma lesão prolongada, como já temos duas com o Manu e com o Bah. No entanto, isso não nos tira a possibilidade de acreditarmos que podemos fazer um grande jogo e seguir em frente. Vamos jogar contra uma equipa que é muito boa, que é forte e que tem uma dinâmica muito interessante, especialmente nos corredores, com cruzamentos de toda a forma, quer por dentro, quer por fora, para colocar sempre a bola no segundo poste. Nós temos trabalhado muito isso. Agora, há coisas que eu não posso dar à equipa, uma delas é a altura, e outra é a agressividade inata, natural. E todos nós temos de ter consciência de que temos de ser muito mais agressivos. Eu tenho sido mais agressivo com os jogadores, porque temos de ser muito mais agressivos, e amanhã é um primeiro teste para esse tipo de situações. Eu falei convosco e disse-vos que não queria falar do passado nem do futuro, apenas falar daquilo que é o Campeonato do Mundo, mas, na próxima época, temos de ser muito mais agressivos, quer dentro de campo, quer fora de campo. Há coisas que têm de ser melhoradas, há coisas que têm de ser mudadas radicalmente. Essa nossa agressividade tem de ser um ponto assente, e nós temos trabalhado muito isso com os jogadores. Eles têm de pôr essa agressividade, que alguns não têm, cá fora, na forma de treinar, porque não pode voltar a acontecer um jogador ganhar uma bola perto da área dele e levar a bola até à nossa área. Tem de haver essa agressividade. E para essa agressividade surgir, se tivermos, em treino, de dar uma ou outra patada entre nós, ou haver uma zanga entre nós, que assim seja, para, depois, sermos agressivos. Porque quem nos pisar não vai ficar a rir nem a cantar.

O Bayern é uma das maiores bestas negras do Benfica, e já jogou com eles nesta época, na Liga dos Campeões. Vai ser fácil resistir à tentação de jogar para o empate, sabendo que eles já estão apurados e que um empate coloca o Benfica na próxima fase?

Nós não podemos partir desse ponto, sabendo que também há um jogo a decorrer à mesma hora e que o adversário pode atingir um número grande de golos. Por isso, aquilo que queremos é fazer o nosso jogo. Olhar para aquilo – e já falámos muitas vezes sobre esse jogo – que de bom fizemos contra o Bayern Munique, e também perceber que, em termos ofensivos, nós podemos e devemos fazer muito mais e melhor. Já conhecemos o Bayern Munique, tivemos também o cuidado de analisar aquilo que a equipa fez com o Boca Juniors, e sentimos que há oportunidade para fazermos um bom jogo. É nesse sentido que nos vamos concentrar naquilo que nós controlamos para vencer os pontos necessários e para seguir em frente na prova.

Falou na questão da agressividade, dentro e fora de campo. Tivemos no último jogo, se calhar, um bocadinho disso que está a pedir, com Kökcü, nessa fervura. Ele vai ser titular neste jogo, depois tudo o que se passou? É essa agressividade de que fala que os jogadores precisam? Ou ele já resvalou um bocadinho daquilo que é a agressividade que pede?

O mais importante para falar sobre esse assunto é: quer eu, quer o jogador, temos consciência de que não foi um bom momento, e eu, como líder, tenho de ser o primeiro a reconhecer. Ele tem sangue turco, como eu tenho dito várias vezes, mas o meu sangue é sadino e também ferve de uma forma muito rápida, apesar de muitas vezes não o demonstrar. Mas o mais importante é que nós conversámos, olhos nos olhos, cara a cara, e tentar perceber como é que duas pessoas que se relacionaram sempre muito bem durante um ano tiveram aquele momento. Mais importante é ele perceber, e eu percebo, que ele é uma pessoa grata, porque em jeito de brincadeira nos colocámos um sorriso na cara, e ele é uma pessoa muito grata por isso, e nós sabemos disso. Assim como ele sabe o jogador que é e quanto é importante para mim, no presente e no futuro, e acredito que pode ser um jogador com uma importância muito grande neste grande clube que é o Sport Lisboa e Benfica. Isso é que é o mais importante. Nós temos falado muito em família, como vocês sabem. O assunto foi resolvido em família, e o que eu sinto e espero é que sejamos todos suficientemente inteligentes para que, uma vez mais, num momento menos positivo, como já tivemos anteriormente, possamos ser ainda mais coesos, unidos e determinados em fazer o nosso trabalho. Isso é que é o mais importante, e estamos em sintonia nesse assunto.

Disse há pouco que quem pisar o Benfica não vai ficar a rir nem a cantar. Eu pergunto-lhe: desconfia de alguém? Quem é que quer pisar o Benfica e que não vai ficar a rir nem a cantar?

Não, nós temos de ser mais agressivos. Nós temos de ser mais agressivos, dentro e fora de campo. Temos de mostrar mais essa agressividade. E vamos mostrar.

Pergunto-lhe como está Florentino. Vai ou não jogar? E, já agora, perguntar-lhe também como olha para a grande ausência no jogo de amanhã [terça-feira], que é [Álvaro] Carreras.

Você costuma fazer perguntas boas e, agora, fez-me duas perguntas difíceis. Falta também a ausência de outros jogadores, mas, sobre o Tino [Florentino], ainda não sabemos. É uma lesão chata, que o tem incomodado nos últimos tempos, mas tem recuperado bem, e vamos analisar no dia de amanhã. É como disse na primeira pergunta: além da importância do jogo e de passarmos aos oitavos de final, e dos grandes interesses do Sport Lisboa e Benfica de seguir em frente na prova, há outros grandes interesses, que são, como vocês sabem, iniciar da melhor forma a época seguinte, e a saúde dos nossos atletas tem de ser algo a ter em consideração. É um ligeiro desconforto que o está a incomodar, e nós temos de avaliar da melhor maneira. Cada dia que passa, ele sente-se melhor, mas só amanhã podemos tirar a conclusão. Sobre o Álvaro, a ausência dele vai-me ajudar a responder à sua questão. Porque o Álvaro também beneficiou com a nossa chegada, da ausência de alguns jogadores, teve a oportunidade de jogar, mostrou-se, teve a evolução que teve e fez a época muito boa que fez. Nós trouxemos muitos jogadores, confiamos em todos para poderem dar passos em frente e poderem fazer uma boa exibição, porque toda a gente tem treinado da mesma forma, toda a gente está plenamente identificada com a nossa forma de jogar.

Você é, muito provavelmente, um dos técnicos europeus no Mundial que mais conhecem o futebol brasileiro. Surpreendeu-se com os resultados das equipas brasileiras? Esperava que o Flamengo, um possível adversário nos oitavos de final, pudesse vencer o Chelsea e qualificar-se em 1.º do seu grupo?

Conheço um pouco, o Campeonato brasileiro é muito competitivo, e, neste momento, sinto que têm uma vantagem relativamente às equipas europeias, que é o facto de estarem a meio da época. Acho que isso é uma vantagem. Nós, Benfica, estamos no final de uma época, terminou uma época, e estamos para começar outra. Estamos no período que devia ser de férias e de recuperação dos jogadores. Mas não me surpreende a qualidade das equipas brasileiras, não me surpreende a qualidade dos jogadores brasileiros, e, por isso, não me surpreende a campanha que têm vindo a fazer.

Aursnes deu há pouco a receita para o jogo com o Bayern, passa por manter a consistência do jogo da Liga dos Campeões, mas também por a equipa ser mais capaz no plano ofensivo do que foi nesse jogo. Pode prometer um Benfica mais capaz nesse sentido, apesar de dois resultados servirem ao Benfica?

Claramente, temos de ter a mesma capacidade de fazer no momento ofensivo aquilo que fizemos de bom no momento defensivo. Seguramente, a estratégia será outra, os jogadores que vão estar em campo serão outros, mas a nossa ambição tem de ser essa, não podemos estar à espera do que aconteça no outro jogo, temos de ir ao encontro dos nossos objetivos. Não é uma questão de prometer, é uma questão de convicção e de passar a mensagem aos nossos jogadores: nós temos de tentar fazer. Não quero estar a recordar o jogo com o Bayern [na Champions League], mas nós não fomos para o jogo com metade do trabalho feito, ou seja, vamos defender e não vamos atacar. A equipa tem é de perceber, contra qualquer equipa, qual o momento e qual o espaço que temos para aproveitar. Nós no último jogo... Aproveito também para cumprimentar e saudar o selecionador nacional, porque fez uma análise muito boa ao nosso jogo, percebeu muito bem o que quisemos fazer, ou seja, um espaço de atacar diferente, uma forma de atacar diferente, com posicionamentos diferentes dos nossos jogadores, e uma forma de defender diferente. Amanhã [terça-feira] é outro adversário, é outra estratégia, e aquilo que queremos é, no momento com bola e no momento sem bola, sermos competentes.

Tem estado a falar de ambição, e eu pergunto-lhe, falando de ambição, se espera no próximo fim de semana estar a jogar os oitavos de final nesta prova, e já com o Dedic, se acha que pode ser útil neste Mundial de Clubes.

Sim, a nossa ambição é seguir em frente, e gostava de prosseguir, porque nós estamos cá com entusiasmo. Eu falo por mim, acho que é uma oportunidade muito boa na minha carreira, e gostava de seguir em frente. Sobre aquilo que é mercado, como você sabe, estou completamente concentrado no Mundial de Clubes, e sei que há pessoas competentes – o nosso Presidente, o nosso diretor... – a tratar daquilo que nós precisamos, e vocês já sabem, pelo menos do lateral-direito e do ala-direito, que nós precisamos dessas duas posições.

O dono do Lyon confirmou conversas do Benfica por Thiago Almada, médio argentino. É um jogador que gostaria de ter na próxima temporada?

Não é ala-direito? [Não, não é] Então, para já, são essas duas as prioridades: defesa-direito e ala-direito. É assim que vamos construir aquilo que eu sinto que pode ser a equipa do futuro do Benfica. Jogadores que nos tragam competência e agressividade, para sermos mais fortes e agressivos.