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Futebol
29 setembro 2025, 23h14
José Mourinho
Antes da conferência de imprensa, o treinador do Benfica lembrou que pela frente está um Chelsea que detém "um grupo de jogadores de grande qualidade e em quantidade extrema", facto que torna difícil prever como poderá apresentar-se em campo.
Ainda assim, José Mourinho garante ambição, sabendo que os ingleses também vão procurar a vitória pela sua condição de visitado, mas, igualmente, por terem entrado a perder na competição, frente ao Bayern Munique, na Alemanha.
Quanto ao regresso a Stamford Bridge, palco principal do Chelsea que comandou em dois períodos distintos (2004 a 2007 e 2013 a 2015), José Mourinho atirou: "Não é a primeira vez que venho jogar aqui, normalmente serei muito bem recebido e sem antagonismo, e já está. Depois, eles esquecem quem sou eu e querem ganhar, e eu esqueço quem são eles, e eu sou só Benfica."
É um jogo importante, de Champions, são duas equipas que estão ainda à procura do melhor momento. Que tipo de jogo é que espera? Acha que os primeiros 20 minutos podem ser cruciais?
Eu acho que muito mais do que os primeiros 20 minutos vão ser cruciais. Estou à espera de duas equipas que querem ganhar. Não acredito, obviamente, que o Chelsea jogue para outra coisa que não seja ganhar. Jogam em casa, perderam o primeiro jogo, e nós, por uma questão de cultura de clube e também pela identidade que eu quero dar à equipa progressivamente, também não haverá estádio ou adversário que nos faça pensar de outra maneira. Se temos de defender bem para poder ganhar o jogo, obviamente que temos de defender bem para poder ganhar o jogo. Mas o objetivo sob o ponto de vista emocional e sobre o aproach tático é o de tentar ganhar o jogo. Eles perderam, mas perderam em Munique num calendário muito mais acessível do que o nosso. O nosso é muito mais complicado. Os pontos que perdemos foram, à partida, pontos que se pensava que iríamos somar. E temos de ir à caça de pontos em todos os 7 jogos que temos pela frente. É mais difícil o Chelsea em Stamford Bridge? O Real Madrid na Luz? O Newcastle em Newcastle? Não consigo, honestamente, dizer qual é o mais fácil ou o mais difícil, o mais possível ou menos possível de ir sacar os pontos. Amanhã [terça-feira] temos de ir por eles.
"O objetivo sob o ponto de vista emocional e sobre o aproach tático é o de tentar ganhar o jogo"
José Mourinho
O que valoriza mais neste regresso a casa para a Champions? Porque parece que está em casa, com os quadros com as fotografias dos troféus que levantou. E outra questão relativamente ao Benfica: muito se fala da dimensão europeia. Que passo a equipa tem de dar para alcançar esse objetivo?
Ter dimensão europeia não significa pensar em ganhar a competição europeia no imediato. Estamos tão longe disso – até porque a competição acabou de começar –, que pensar até nos faz mal. Agora, estamos numa fase em que cada ponto é fundamental, num formato em que todos nós temos pouca experiência. Eu conheço o formato porque, no ano passado, joguei a Europa League, mas é um formato um bocadinho estranho. Estás numa classificação com tantas equipas com quem não jogas contra, que não tens como controlar o teu destino relativamente a essas equipas. Cada ponto é um ponto fundamental. E acho que ninguém me levará a mal se disser que, olhando para o calendário do Benfica, os 3 pontos com o Qarabag eram aqueles pontos que seriam, à partida, a base de construção e, depois, 1 ponto aqui, 3 pontos ali, e a qualificação chegará. Estamos numa situação mais complicada em função disso, mas temos de partir para cada jogo com a intenção de os conseguir. Estar em casa... Sim, estou em casa, mas já joguei aqui com o Tottenham, com o Man. United, com o Inter, na Champions, e durante 90 minutos não pensei, por um segundo, onde estava, com quem estava a jogar, de modo algum. Por isso, como dizem eles: "I'm not a blue anymore." Sou vermelho e quero ganhar.
Pegando nessas palavras: é um jogo de grande responsabilidade – não deixa de ser de grande emoção, porque é palco de Champions. Do que contactou ou trabalhou nos últimos dias, nas últimas horas com os jogadores, sente que o Benfica pode conseguir algo de especial neste jogo?
O trabalho foi não trabalho. Mas esse trabalho não trabalho era a coisa de que os jogadores mais precisavam. Finalmente tiveram 3 dias entre jogos. Desde que cheguei, os 3 jogos que fizemos foram sempre com 2 dias entre jogos, e, quando isso se começa a acumular, nós chegámos ao último jogo com o Gil Vicente em grandes dificuldades, alguns jogadores mesmo com luzes vermelhas na análise e no data que nós temos jogo após jogo. Finalmente, tivemos 3 dias de não trabalho. O trabalho de organização tática para o jogo de amanhã [terça-feira] é mais passivo do que propriamente ativo no campo. Hoje, gostaria de ter treinado no Seixal, mas não foi possível por logística, e o treino de hoje, eu tinha duas opções: uma, o treino é aberto, vocês estão lá, e não posso trabalhar taticamente; a segunda opção era só 15 minutos para vocês, mas aberto para as câmaras que estão aí, que fui eu que as pus há muitos anos, o que significa que o treino seria na mesma aberto. Portanto, o treino de hoje é um treino de ativação sem grande trabalho tático. Agora, penso que os jogadores têm grande concentração em tudo aquilo que falamos, em tudo aquilo que analisamos. Foi esse trabalho que fizemos ontem, que fizemos hoje e que ainda continuaremos amanhã, para tentar estar o melhor possível. Se você me perguntar se eu acredito mais neste tipo de trabalho ou acredito mais no trabalho de campo, não tem comparação possível. Acredito muito mais no trabalho de campo, mas acho que princípios de organização vamos ter, e, quando temos princípios de organização e os jogadores estão seguramente focados, acho que temos boas possibilidades de discutir o jogo com uma grandíssima equipa.
"Os jogadores têm grande concentração em tudo aquilo que falamos, em tudo aquilo que analisamos"
Gostava de insistir com José Mourinho, que nos fale um bocadinho das suas sensações no regresso a Stamford Bridge. Já agora: eu assisti à conferência de imprensa do Chelsea, onde esteve Pedro Neto. Ele revelou que esteve a um passo do Benfica antes de vir para Londres, para o Chelsea. Inclusive, elogiou José Mourinho dizendo que gostava muito de o ter como treinador. E José Mourinho gostava de ter este Pedro Neto no seu Benfica atual?
Claro que gostava. O Pedro Neto é um dos melhores alas do mundo. O Roberto [Martínez], na Seleção Nacional, é, obviamente, um privilegiado, porque tem não só o Pedro, mas tem 3, 4 ou 5 jogadores de perfil semelhante. Nós, no Benfica, não temos tanto desse perfil. Obviamente, gostaria muito de ter o Pedro, mas está numa realidade completamente diferente a nível económico, e é para esquecer. Simplesmente desejar-lhe, como sempre, o melhor, que não tenha lesões – que nos últimos anos foram impeditivas de um crescimento mais rápido –, que amanhã [terça-feira] não tenha, obviamente, um grande jogo, mas desejo-lhe o melhor e agradeço as palavras dele. As sensações de chegar aqui não foram assim tão profundas, porque eu vivo mesmo aqui. Eu, quando estou em Londres, praticamente passo aqui cada dia, não senti assim muita coisa. E conheço-me bem. Conheço-me bem. Muitas, muitas vezes joguei contra anteriores equipas. Como eu dizia, já vim aqui com 3 clubes diferentes, o Benfica será o quarto. É um estádio onde não sentirei nenhum tipo de antagonismo. Penso eu. Em princípio, não penso sentir nenhum tipo de antagonismo. Que também não me faria mal nenhum. Mas não penso sentir nenhum tipo de antagonismo. Temos objetivos diferentes, e eu consigo isolar-me desse contexto.
O Benfica tem um passado negro com o Chelsea, nunca o conseguiu vencer, e já perdeu uma final europeia. Quanto a José Mourinho, nas visitas a Stamford Bridge, só numa ocasião é que foi feliz, com a vitória do Inter, e nessa época acabou por se sagrar campeão europeu. É um técnico também habituado a quebrar recordes e a fazer história. Acredita que pode acabar com esta malapata do Benfica em Stamford Bridge?
Não me parece que o Benfica tenha jogado aqui tantas vezes assim… Se estivéssemos a falar de 10 jogos, de 9 derrotas e de 1 empate… Mas estamos a falar de quê? De um par de jogos, no máximo? Quatro? Pensava que tinham vindo menos vezes. A final europeia, perdeu no prolongamento [compensação], e eu não me agarro muito a esse tipo de número, honestamente, não me agarro muito. Normalmente as equipas portuguesas não têm grandes resultados contra as equipas inglesas porque estas são fortes. Acho que é o pragmatismo da coisa. São equipas fortes, com uma intensidade maior, com mais tempo útil de jogo. Em Portugal há muita paragem, há muita equipa que, em vez de jogar, prefere que o adversário não jogue. Portanto, as equipas inglesas normalmente têm um nível acima das nossas, a diferentes níveis. Mas claro que acredito. Claro que acredito.
"Qualquer ponto é um ponto que serve, qualquer ponto neste tipo de formato é um ponto que te ajuda a atingir, se não o primeiro objetivo, o segundo objetivo"
Se lhe desse uma folha para assinar agora, tendo em conta o calendário, tendo em conta o poderio do adversário, tendo em conta que tem um jogo no Dragão, assinava o 0-0?
Não. [Ia para jogo?] Ia. Se calhar, ao minuto 88 assinava 3 vezes. Depende do jogo. Depende do jogo. Eu digo sempre que o empate é ótimo se o adversário for muito melhor do que tu. Se o Chelsea for muito melhor do que nós, se o Chelsea nos dominar, se o Chelsea nos empurrar para trás, se não nos deixar jogar, se não conseguirmos criar nada, o empate assina-se, assina-se com grande alegria. Como o jogo não começou, e não estamos a falar de knockout, no knockout a gente controla um bocadinho o que fizemos no primeiro jogo, o que é que fizemos no segundo, mas neste caso estamos a jogar a pontos. Eu acho que qualquer ponto é um ponto que serve, qualquer ponto neste tipo de formato é um ponto que te ajuda a atingir, se não o primeiro objetivo, o segundo objetivo, mas neste momento, não, neste momento vamos jogar.
José Mourinho, quando saiu do futebol português, saiu como campeão europeu. Fazendo uma análise aqui ao futebol nacional e até internacional, naturalmente, sente que nesta altura é mais difícil um clube português, e o Benfica em específico, ser campeão europeu, ou pelo menos chegar a fases mais adiantadas da competição, do que era há 20 anos? E, já agora, esclarecer também, porque Lukebakio não esclareceu muito bem, se já há gasolina de Lukebakio para fazer 2 jogos como titular consecutivos.
Não, ele [Lukebakio] vai jogar. Ele vai jogar, vai jogar de início. Não sei quanto tempo. No outro dia, 60 e qualquer coisa de minutos, veremos amanhã. A intensidade do jogo, aquilo que o jogo lhe pede, a maneira como ele se vai adaptar seguramente a um ritmo, a uma intensidade, a uma densidade diferente, mas começa. Eu prefiro que ele comece a guardá-lo para 30 minutos, quando se calhar ele pode jogar mais do que 30. Vamos metê-lo em jogo, e depois logo se vê o tempo que ele vai durar. Os formatos mudam. Eu, na primeira vez que joguei Champions, como assistente do sr. Robson, ainda era aquele formato onde o knockout era o início, depois era a fase de grupos a 4, depois eram meias-finais a uma mão no campo daquele que tivesse acabado em 1.º lugar no grupo. Nessa meia-final foi Barcelona-FC Porto em Barcelona, e foi Milan-Mónaco em Milão a uma só mão nas meias-finais. Depois passámos para outro tipo de formato, depois para outro, e agora estamos neste. Quando eu fui campeão europeu na primeira vez, estávamos a falar dos grupos de 4... Foi o formato que durou mais tempo. Grupos de 4, depois passava-se aos oitavos, depois passava-se aos quartos, depois havia alturas em que havia uma equipa por país, depois obviamente se começou a alargar para dar de comer a mais gente, e a federações mais importantes, e agora estamos efetivamente num formato que eu ainda estou a aprender a conhecê-lo. Ainda estou a aprender a conhecê-lo. Mas percebo a sua pergunta no sentido de que há tanto tubarão a nível económico nesta Europa, que cada vez mais se torna difícil para as equipas portuguesas. Eu digo: o Benfica é um gigante, um gigante, equiparo-o, ao nível histórico, social, aos maiores clubes da Europa, muito maior do que clubes que economicamente são muito mais fortes do que o Benfica. Uma coisa é a dimensão do clube, a história, a dimensão social, a cultura, outra coisa é o poderio económico, e neste momento, no futebol europeu, há clubes economicamente muito, muito, poderosos, mas nós podemos competir com eles no jogo. É por isso que, na resposta ao seu colega, se assinava um empate amanhã, eu não assino nada! Vamos jogar, vamo-nos divertir, vamos competir e vamos tentar ganhar.
"O Benfica é um gigante, um gigante, equiparo-o, ao nível histórico, social, aos maiores clubes da Europa, muito maior do que clubes que economicamente são muito mais fortes do que o Benfica"
Vai ao Dragão, caso o FC Porto vença hoje [segunda-feira], com 4 pontos de atraso. Somando a derrota frente ao Qarabag para a 1.ª jornada da fase de liga da Champions, esta é uma semana decisiva para o Benfica? Com o FC Porto já aqui mesmo à porta, vai poupar alguns jogadores para o clássico? Com o que aconteceu na Assembleia Geral no passado fim de semana, que marca a atualidade no Benfica, como vai conseguir blindar o balneário?
Faça-me essa pergunta amanhã [terça-feira], depois do jogo.
Se olhar para o seu lado direito, vemos uma fotografia sua a mostrar os 3 dedos. Se olhar para o lado esquerdo, vemos uma fotografia sua com a 2.ª Premier League. Há 5 fotografias nesta sala, e 3 delas são consigo. Sei que disse que já não era azul, mas, no seu coração, será sempre um bocadinho azul? É como voltar a casa?
Claro que sim, eu sempre serei azul. Sou parte da sua história [do Chelsea], e o clube faz parte da minha história. Eu ajudei o Chelsea a tornar-se um clube maior, e eles ajudaram-me a ser um treinador maior. Quando disse que já não era mais azul, falava do trabalho que tenho de fazer amanhã [terça-feira]. Em relação a estas fotografias, não há muitos clubes que façam isto. Há muitos, muitos clubes onde parece que existe um receio de mostrar o que aconteceu no passado e há uma transformação contínua nas fotografias. Às vezes, parece que querem apagar pessoas que fizeram história no passado. Isto mostra que o Chelsea é um grande clube, porque os grandes clubes respeitam princípios.
Uma vez, disse que, até outro treinador ganhar 4 Premier Leagues, você [José Mourinho] é o n.º 1, aqui, obviamente. Ainda sente isso? Em segundo, pensa que esta é uma boa altura para jogar com o Chelsea, considerando que há muitos resultados negativos e pressão no [Enzo] Maresca? E que tipo de trabalho pensa que ele fez até agora?
O Chelsea é uma máquina vencedora, que teve, nos últimos 2 ou 3 anos, um momento sem troféus. Mas o Chelsea venceu algo antes do meu tempo. Depois, começámos a ganhar e a minha equipa continuou a ganhar. Depois, transformação, novas equipas, novos treinadores, mais troféus, troféus europeus, o maior deles, a Champions League. Por isso, o Chelsea é uma máquina vencedora. Eu sou o maior até alguém vencer 4... é um fait divers. Mas nem por isso.
Nesta sala, quando você aqui chegou [para ser treinador do Chelsea em 2004], disse que era o Special One.
Eu não disse isso [sorrisos].
Não disse isso?
Não, não. Eu não disse isso.
Um especial.
Exatamente [sorrisos].
Você é um especial.
Exatamente.
Este lugar é especial para si. Espera voltar aqui, um dia, e treinar novamente o Chelsea?
Nunca se sabe. Depois de 25 anos, eu esperava voltar a Portugal, mas para a Seleção Nacional, não para o Benfica. E agora estou no Benfica. Por isso, eu não tenho projetos de carreira. Eu não penso no que pode acontecer, ou não. O mais importante é dares tudo onde tu estiveres. Sais de um clube, como eu normalmente faço, sem nenhuma palavra. Fechas o capítulo, sem nenhuma palavra, e pensas no que vem a seguir. Eu saí do Fenerbahçe há 1 mês, sem nenhuma palavra, e agora estou no Benfica e estou muito feliz. É uma grande responsabilidade, mesmo para uma pessoa como eu, com muitos anos... Muitos anos de idade e também de futebol... O Benfica é uma enorme responsabilidade, por várias razões. Algumas eu guardo para mim, mas treinar o Benfica é uma grande responsabilidade. E você sabe como sou. E vamos para amanhã [terça-feira]. Até ao início do jogo será o meu Chelsea, depois do jogo, durante o jogo, é o meu Benfica, é o que interessa.
Nas últimas vezes que o vimos aqui, com o Manchester United e com o Tottenham, foi assobiado pelos adeptos, e agora parece um pouco diferente, treina o Benfica…
Não, não, não. O que aconteceu foi que um membro do Chelsea insultou-me, eu reagi, e as pessoas pensaram que eu estava a reagir ao golo do Chelsea. O resultado estava 1-1, o Chelsea marcou no último minuto, e as pessoas viram-me reagir de uma forma má, e que era devido ao golo, mas não foi isso. O treinador [Maurizio] Sarri foi absolutamente top, pela forma como reagiu perante o seu adjunto, e o Chelsea também se comportou top. E eu também estive top, porque o Chelsea quis despedir a pessoa, e eu disse não, não o façam devido a algo que aconteceu no jogo. Disse para deixarem o homem em paz, no banco toda a gente pode fazer coisas de m… No fim, nada se passou. Não penso que os adeptos do Chelsea se preocupem. Pelo menos nas ruas, são eles que me abordam e pedem fotos e autógrafos...
Falou sobre o facto de que ajudou o Chelsea a ser um clube maior, e o Chelsea também o ajudou. Por isso, em 2004, quando disse sim ao Chelsea, acha que foi a melhor decisão da sua carreira? E também, se você tivesse outra vez a mesma oportunidade com este projeto, aceitaria?
Bem, nessa altura, eu tinha diferentes opções, mesmo na Premier League. Foi o Chelsea, foi um casamento feliz, e a razão pela qual eu vim a segunda vez é porque, claro, fui muito feliz na primeira vez. E, como eu disse, eu sou importante na história do Chelsea, e o Chelsea é importante na minha história. Acho que foi uma decisão fantástica que eu tomei na altura. Dizer que realmente foi a melhor? Eu posso identificar as minhas piores decisões. Isso, sim, eu posso dizer claramente. Porém, as boas decisões, sim, eu tive muitas.
Há um caso em Inglaterra, há uma investigação em curso sobre 74 pontos na Premier League, e algumas dessas situações são de quando o míster Mourinho esteve à frente do clube. Seria justo o Chelsea ser penalizado?
E o Manchester City não? Não tenho ideia sobre isso. Não sei. Não sei quais são as acusações, em que sentido. Eu vou tentar perceber.
Falou algumas vezes sobre a história do Chelsea. Agora, neste reinado do Chelsea, com este novo presidente, a história é diferente. O que acha sobre trabalhar neste modelo?
Honestamente, eu não conheço o modelo. Eu nunca estudei este modelo. Houve um período triste em que, mesmo eu, vendo de fora, colocava algumas questões no ar. Porque parecia que o Chelsea tinha perdido a identidade como clube. Mas o que aconteceu na última época colocou o Chelsea de volta no rumo certo. Eles deram confiança ao Enzo [Maresca]. Ele implementou as suas ideias. Conseguiu pôr a filosofia que quer colocar no clube. A Liga Conferência é uma competição fácil para os grandes clubes vencerem. Eu ganhei-a com a Roma. É muito fácil para os grandes clubes. E, depois, o Mundial de Clubes... As pessoas podem dizer – eu também digo – que a Champions League é muito mais importante, porém, esse símbolo [de campeão mundial] significa muito, porque é o primeiro vencedor desta nova competição. Parabéns ao Chelsea. Acho que lhes dá uma base de confiança. Mesmo para os adeptos. Eu sinto-o. Eu vivo a 5 minutos daqui. O meu filho vem cá quase todos os fins de semana, o sentimento é completamente diferente. Aquele período menos bom foi de dúvidas. Agora, é um período de confiança, felicidade. O Chelsea está de volta.
"Não tenho tempo para nada, apenas para tentar preparar os jogos, jogar os jogos, e tentar ajudar os rapazes"
Nesta manhã, Joe Cole falou sobre si e disse que era o Bill Shankly ou o Brian Clough deste clube. O que pensa disso? Ele também afirmou que é mais difícil ganhar a Liga dos Campeões do que o Mundial de Clubes. Acha que o Chelsea é candidato a conquistar a Champions?
O Joe Cole fala sempre bem de mim. Não importa o que eu faço. Mesmo que cometa um erro, o Joey é o meu Joey, o JT [John Terry] é o meu JT, e os outros rapazes continuam a ser os meus rapazes. Apoiamo-nos sempre mutuamente, e vou sempre dizer que o Joe Cole é o melhor comentador da história, porque isso é algo que foi construído e fica para sempre. Por isso, foi muito simpático da parte do Joey ter dito isso. É claro que a Liga dos Campeões é muito mais difícil de ganhar do que o Mundial de Clubes, mas o Chelsea tem potencial para o fazer. Não vejo razão para dizer o contrário.
Já lhe perguntaram sobre as emoções, sobre o Benfica, mas quero saber, como pessoa, de que forma José Mourinho e a sua experiência viveram os últimos 11/12 dias, a regressar a Portugal, ir ao Estádio do Dragão, 2 dias depois ser apresentado como treinador do Benfica, e agora regressar a uma competição de elite, a Liga dos Campeões, justamente para enfrentar o clube que o fez maior e que você fez maior, o Chelsea. Como é que o José Mourinho, como pessoa, viveu estas últimas semanas, e amanhã, na Liga dos Campeões?
Como pessoa, nada mudou. E o facto de que estou em Portugal e que o centro de treino é perto da minha casa... nada mudou, de todo. Ainda durmo muitas vezes no centro de treino, no Campus, tenho tantas coisas para fazer. Não tenho tempo para... até digo algo que, para os portugueses, talvez seja interessante: só tive uma sessão de treino com todo o grupo junto, porque, em todas as outras sessões de treino, há um grupo que jogou, outro que não jogou, um grupo que estava em recuperação, outro que estava em desenvolvimento. Por isso, não tenho tempo para nada, apenas para tentar preparar os jogos, jogar os jogos, e tentar ajudar os rapazes. Amanhã, jogamos. Na quarta-feira, aterramos em Lisboa, e será o primeiro dia em que posso dizer aos rapazes "vão para casa e vemo-nos amanhã". Será a primeira vez. Por isso, ir para clubes a meio da época, não tenho grande experiência nisso. Aconteceu-me quando fui para o Benfica da primeira vez, quando fui para o Tottenham, só aí. Não tenho grande experiência nisso, mas é muito difícil, por isso nem tenho tempo para pensar em mim mesmo. Pode ouvir a minha voz [rouca].