"Conquistar tudo aquilo a que nos propusemos"

REPORTAGEM BTV

Capitão da equipa masculina de voleibol do Benfica, Ivo Casas renovou o seu vínculo contratual com o Clube até 2028.

O líbero de 33 anos leva 11 temporadas de águia ao peito e, em entrevista à BTV, destacou os objetivos para 2025/26, que passam pela conquista dos títulos. A começar pela Supertaça diante do Sporting, para a qual o jogo de apresentação frente aos polacos Aluron CMC, nesta sexta-feira (20h30), pode ser importante para tirar ilações.

Ivo Casas totaliza 470 jogos oficiais pelo Glorioso, tendo contribuído para a conquista de 23 títulos e troféus: 7 Campeonatos Nacionais, 7 Taças de Portugal, 8 Supertaças e 1 Taça AVL. Um percurso que se quer de novos capítulos vitoriosos.

SIGNIFICADO DE RENOVAR COM O CLUBE

"É um sentimento de pertença. Sinto-me muito acarinhado. Gosto de pensar que também fiz por isso e pensar que também fiz a minha parte, que dei o meu contributo. Sinto que estou em casa, sinto que isto é claramente a minha segunda casa. Muito orgulhoso, contente e feliz, como é óbvio, por continuar a ser alvo de confiança por parte do Clube e de quererem que eu continue. E é um orgulho muito grande continuar a representar esta camisola."

MOMENTOS MAIS MARCANTES EM 11 ÉPOCAS

"Houve alguns, mas já disse isto noutros momentos, vou voltar a dizer. Eu costumo olhar mais para os momentos piores, os momentos que não foram de conquista, do que os momentos bons. Porque os momentos bons são fáceis de levar, está tudo bem, corre tudo bem, e esses momentos são muito fáceis de avançar e de pensar sobre eles. Os momentos piores, aquelas conquistas que nós queríamos muito e não conseguimos, porque, estando nesta casa, não conquistar o título é uma desilusão, para nós, claro, para toda a gente, mas nós, que estamos aqui dentro, sentimos muito, sentimos na pele, o não compromisso, a falta de entregar aos adeptos alguma coisa que é palpável, que é com um título normalmente. E custa-nos quando não conseguimos. Tenho alguns momentos assim, lembro-me do meu primeiro ano cá, a final da Challenge Cup, conseguimos chegar à final da competição, e custou-me muito perder essa final, criaram-se algumas expectativas, como é óbvio. Era um ano que seria um ano pleno, triplete, mais uma competição europeia. Seria um ano – com certeza, se já foi, mas seria ainda mais – para ficar marcado na história do Clube. Perdemos um título na despedida do professor José Jardim, custou-me muito essa derrota contra o Sporting, esse título custou imenso. Portanto, eu olho mais para estes momentos, e felizmente são poucos. Também é bom sinal, olhar para trás e pensar que não tem tantos momentos maus onde me agarrar e onde querer olhar para eles e tentar transformar aquilo em algo bom. Por isso, acho que esse é, para mim, o maior foco. Fazer com que estes momentos menos bons sejam ainda mais escassos. Tentar que sejam só conquistas, só momentos de felicidade, e com esses toda a gente pode bem, toda a gente vive tranquila. Esse é o meu principal objetivo nesta casa."

IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO NO MUNDIAL

"Eu acho que é um momento marcante para qualquer atleta, poder disputar uma fase final do Campeonato do Mundo. Se calhar, só os Jogos Olímpicos é que se pode pôr como alvo um bocadinho acima, como objetivo um bocadinho acima, mas acho que o Mundial realmente é um palco fantástico. Convivência diária com os melhores da modalidade, portanto, estar envolvido numa competição com uma dimensão daquelas e conseguirmos fazer algo de que se calhar não se estava à espera. Tínhamos um grupo bastante complicado, com Estados Unidos e Cuba apontados, à partida, como os favoritos a passar o grupo. E nós conseguimos tirar Cuba da equação, portanto, ganhar a uma equipa no top 10 do ranking da FIVB. Foi, se calhar, mais daquilo que se esperava, mas era algo em que nós acreditávamos. Portanto, foi, claro, um momento muito bom na minha carreira. Também vou guardar com muito carinho esta participação no Campeonato do Mundo. E, pronto, em termos coletivos, como é óbvio, já foi dito. Acho que fizemos algo de que não se estava à espera. Portugal ficou nos oitavos de final, mas acho que, na dimensão a que nos encontramos, conseguirmos os oitavos de final do Campeonato do Mundo já é algo a reter, já é algo a ter em conta. Em termos individuais, sim, acho que é uma competição em que consegui também mostrar o meu nível. Consegui mostrar que consigo estar àquele nível e jogar àquele nível. Portanto, também foi algo que me deu bastante prazer e me deixou bastante orgulhoso. Sentir que posso equiparar-me neste meio, nestas competições."

JOGO DE APRESENTAÇÃO E SUPERTAÇA

"[Começar a época com o pé direito] É muito importante, como é óbvio. É o objetivo, a partir do momento que acabou o Campeonato do Mundo, na minha cabeça, mas todos já estavam aqui a trabalhar muito desde o início da pré-época. O foco é, claramente, a Supertaça, mais do que o jogo de apresentação. Este jogo de apresentação vai ser bom numa perspetiva de preparação também para a época que se avizinha. Porque realmente é uma equipa [Aluron CMC] que tem um nível fantástico. Podemos dizer que é um nível superior ao nosso, no papel é, claramente. E o que nos vai causar aqui é um desafio muito interessante. Se conseguimos tirar aqui algumas ilações positivas para o nosso lado, ou até levar a partida de vencida, como é óbvio, será o objetivo, acho que são coisas a reter para a época que se avizinha. Porque, com certeza, é uma oposição que não temos a oportunidade de ter durante o Campeonato, muitas vezes. Mesmo nas competições europeias, por vezes, não apanhamos equipas deste nível. É uma equipa que é vice-campeã da Liga dos Campeões. Portanto, talento e qualidade não faltam. Por isso, acho que essa preparação, esse jogo da apresentação, que será o primeiro contacto com os adeptos, na nova época, para preparar a nova temporada, para dar o pontapé de saída oficial, digamos, servirá muito para preparar a Supertaça contra o Sporting, que também se posiciona bastante bem para esta época que se avizinha. Fez contratações com algum nome, portanto, sabemos aquilo que nos espera do outro lado. Por isso, servirá, talvez, de ponto, ou até de preparação, acho que é o termo, para chegarmos à Supertaça na melhor forma possível e trazer a Supertaça aqui para o Museu."

OBJETIVOS BEM DEFINIDOS PARA 2025/26

"Isso é uma pergunta que é recorrente, e acho que a resposta é sempre a mesma. Os objetivos são conquistar tudo aquilo a que nos propusemos, que são as competições em que estamos envolvidos. Sabemos que, como estamos ali numa competição europeia, que neste ano vai ser a Challenge Cup, a sorte também faz um bocado parte das contas, porque depende das equipas com que nos cruzarmos no caminho até uma fase mais avançada. Há sempre equipas apontadas como favoritas a ganhar a competição, mas o objetivo será chegar o mais longe possível nessa competição também. E, se assim o conseguirmos, trazer uma competição europeia para aqui, para o nosso clube, seria algo fantástico. Em termos nacionais, acho que não pode ser de outra forma. O objetivo são sempre as conquistas todas: Supertaça, Taça de Portugal e Campeonato Nacional. É para isso que nos preparamos e é para isso que estamos aqui. É para jogar por títulos. O peso e a responsabilidade de jogar com esta camisola."