"Precisamos de ganhar"

ANTEVISÃO

Na antevisão do Benfica-Arouca deste sábado, 25 de outubro, da 9.ª jornada da Liga Betclic, José Mourinho garantiu que o capítulo Newcastle está encerrado e que a equipa está motivada e preparada para arrecadar os 3 pontos.

Elogiando o trabalho desenvolvido pela equipa na preparação da receção aos arouquenses, o treinador das águias reforçou a importância de manter a pressão sobre os rivais num dia especial de eleições, no qual crê que o Estádio da Luz seja palco de uma demonstração de "benfiquismo ao mais alto nível".

Revelando que Tomás Araújo e Aursnes são opções para render o lesionado Dedic no lado direito da defesa, José Mourinho também adiantou que Prestianni, reintegrado no grupo nesta semana após ter representado a Argentina no Mundial Sub-20, vai "seguramente somar minutos" no duelo deste sábado.

Que tipo de Arouca é que espera amanhã [sábado] na Luz? Como está o plantel do Benfica neste momento?

Precisamos de ganhar. Não estamos em 1.º [lugar] no Campeonato, temos uma desvantagem de 4 pontos e de 1 ponto para superar. Precisamos de ganhar jogos. No último jogo do Campeonato empatámos fora, e o último jogo em casa foi difícil, mas conseguimos os 3 pontos. Temos de tentar continuar na senda dos bons resultados, porque quem vai atrás não tem muito espaço, digamos assim. É importante para nós ganharmos o jogo, é importante para nós mantermos a pressão sobre os 2 rivais que estão à nossa frente no Campeonato, e o objetivo é esse. Relativamente ao último jogo, temos a lesão do Dedic, que o afasta deste jogo, mas a equipa está bem. Nós, obrigatoriamente, temos de ter uma mentalidade de sermos capazes de encerrar os capítulos. E o capítulo Newcastle foi encerrado. Eu, de uma maneira muito objetiva, diria que a Champions League é para esquecer durante um par de semanas. E relembrar, só – e entre nós relembramos –, que há 16 ou 18 equipas com 0 pontos, 1 ponto, 2 ou 3, o que significa que estamos a 3 pontos de uma posição de classificação. Claramente, há ali um espaço importante entre as equipas que ganharam os 3 jogos, ou que têm 6, 7, 8, 9 pontos, que pode perfeitamente ser controlado por nós, fazendo pontos e ganhando jogos nos próximos que aí vêm. A sua pergunta também foi direcionada para o jogo de amanhã [sábado], que, efetivamente, é o mais importante. Que adversário esperamos? Esperamos um adversário típico destes adversários daquilo que eu chamo de posições tranquilas na tabela. Adversários que têm qualidade para terem épocas tranquilas, que têm tranquilidade para poder desenvolver um bom jogo, um bom futebol. Equipas que não sentem qualquer tipo de pressão, nem a pressão de jogar para o título, nem a pressão de jogar para não descer. Boas equipas, bons jogadores, bem treinadas, que, obviamente, vêm para nos criar dificuldades. Mas acredito nos meus, acredito no pouco mas bom trabalho que fizemos principalmente hoje [sexta-feira]. Peço desculpa por vocês terem estado só 15 minutos, mas precisávamos daquele espaço para trabalhar. Trabalhámos bem, sabemos o que temos de fazer, e, com todo o respeito que o Arouca, o seu treinador e os seus jogadores merecem, acredito que vamos ganhar.

Uma vez que Dedic está lesionado, pode revelar-nos os seus planos para o lado direito da defesa? Conta com Tomás Araújo para essa posição, ou poderá ser Aursnes? Queria perguntar-lhe também se é sócio do Benfica, e se vai votar amanhã [sábado].

São as nossas duas opções. Opções diferentes, no sentido das qualidades, mas iguais no sentido em que os dois são adaptações. O Tomás [Araújo] é um central, o Fredrik [Aursnes] é um médio, ambos já jogaram nessa posição, inclusive nesta época. Diria que o Tomás é uma opção mais conservadora, digamos assim, e o Fredrik uma opção mais ofensiva, porque, obviamente, tem outro tipo de qualidades. O Leandro [Santos] vai com a Equipa B a Vila da Feira. Há miúdos que precisam de jogar e, às vezes – por estarem connosco e não jogar, ou jogar pouco –, é importante para eles irem à Equipa B. O Leandro vai amanhã a Vila da Feira. Sou sócio e vou votar.

Amanhã [sábado] é um dia especial, porque é dia de eleições. Espera que o estádio esteja a fervilhar e que isso também possa ajudar a equipa, uma vez que este Arouca é uma equipa, como se sabe, que joga bem futebol, que tem o mesmo treinador, uma equipa bem treinada? Na época passada, por exemplo, roubou ali uns pontos ao Benfica que talvez tenham sido decisivos para o título.

É como eu dizia: são equipas que jogam bem, são equipas que não têm aquela pressão que, umas vezes, catapulta as equipas para serem melhores, mas, na maioria das vezes, a pressão atrofia o desenvolvimento das equipas, principalmente na qualidade de jogo. O Arouca está nesse patamar de tranquilidade. Como tu dizias... bem treinada, com bons jogadores, já roubou pontos ao Benfica, na Luz, na época passada. Vêm, seguramente, com essa intenção. Eu acredito que nós vamos conseguir ganhar. E, na tua alusão ao dia das eleições, acredito que é um dia de grande benfiquismo, um dia em que todas as pessoas que vão ao estádio, vão para viver Benfica. Viver Benfica ao nível eleitoral e ao nível do jogo. Obviamente que muitos, ou a maioria, frustrados, como nós, com o resultado da passada terça-feira [do jogo frente ao Newcastle]. Eu, de um modo muito pessoal, acho que nós somos grandes demais para estarmos contentes com o mal dos outros. Acho que somos grandes demais para isso, mas a realidade é que as equipas que nesta jornada Champions jogaram contra as equipas inglesas levaram todas pesado. Porque, efetivamente, são equipas com uma dimensão grande. Eu não queria voltar atrás, mas volto atrás para dizer, de forma bem sucinta, que fizemos uma muito boa 1.ª parte, com personalidade, de uma equipa que quis ganhar, que podia ter marcado primeiro e que foi igual a um adversário mais poderoso. Depois, na 2.ª parte, efetivamente, colapsámos ao nível mental e da organização. E é a este nível que estivemos a trabalhar hoje [sexta-feira], nessa disciplina de jogo que nós temos de manter. Jogo difícil amanhã, mas acredito que, com o benfiquismo ao mais alto nível, a equipa vai dar resposta e que vamos ganhar o jogo.

Já disse que vai votar. Revê-se nas ideias de algum candidato?

Respeito todos os candidatos ao máximo. Olho para o meu presidente como um dos seis candidatos e não como o meu presidente, e sei em quem vou votar. Quer saber em quem? No Benfica. Vou votar no Benfica.

Disse no final do jogo em Inglaterra que o Benfica sentiu dificuldades na transição. Já disse também que Leandro Barreiro era o avô no banco, e disse também que estava a atirar a pressão para o lado do Benfica quando disse que o Benfica tinha um bom plantel, que Bruno Lage era um treinador feliz com o plantel. Rui Costa respondeu e disse que José Mourinho tinha elogiado o plantel. O plantel é bom ou não é bom?

Eu gostava tanto do plantel do Benfica que lhes quis tirar um jogador importantíssimo, e fiz tudo para lhes tirar um jogador importantíssimo. Se calhar, um dos motivos pelos quais acabei por sair do Fenerbahçe tão cedo teve que ver com a frustração de não ter conseguido tirar ao Benfica um jogador que eu considerava fundamental na minha maneira de pensar o jogo. Foi com muita pena que, de maneira indireta, contribuí para que o plantel do Benfica fosse diferente. Culpa minha, fiz tudo o que era possível para ter esse jogador comigo. Afinal, acabei por não o ter comigo nem no Fenerbahçe, nem no Benfica. É verdade que gosto do plantel do Benfica, gosto de muitas coisas. É verdade também que – e acho que vocês me conhecem e conhecem as minhas características como treinador, como comunicador –, obviamente, ao jogar contra o Benfica, quis também retirar um bocadinho de pressão ao meu lado e pôr um bocadinho mais de pressão no Benfica, levando inclusive ao ponto de vista da história, da tradição, da dimensão, da familiaridade com aquilo que são os jogos da Champions. Mas também é verdade que eu acho – e todos achamos: acho eu, acha a estrutura, acham os outros candidatos, acham os adeptos, acho que achamos todos – que nos falta qualquer coisa. E essa qualquer coisa não são 10 jogadores, nem 15 jogadores, nem 5 jogadores, porque muitas vezes basta um jogador de um determinado perfil, ou um jogador porque é mais experiente, ou um jogador porque tem características que os outros não têm, muitas vezes basta um ou dois jogadores para melhorarem uma equipa, para melhorarem toda uma dinâmica, para permitirem dinâmicas diferentes. E eu acho que em janeiro o Benfica vai ter seguramente um ou dois jogadores que possam ajudar a melhorar a nossa equipa. Falou-se de um banco muito jovem, no qual o Barreiro era quase o avô, digamos assim. Se há alguém que gosta de lançar jogadores jovens, eu sou um deles. Se há alguém que tem na sua história jogadores como Rafa Varane, com 18 anos, Scott McTominay, Petr Cech... Se há alguém que tem uma história com jogadores assim, eu sou um daqueles que têm essa história. Estou completamente de acordo que no nosso plantel exista este tipo de jovens, alguns deles que vão conseguir chegar mais alto, outros que nem tanto, mas estou totalmente de acordo com isso, não é que exista algum tipo de contradição. Por isso estou otimista, estou otimista que a nível interno vamos estar ali, até janeiro, o mais perto possível dos nossos rivais, eventualmente à frente dos nossos rivais, não se sabe, mas vamos estar ali numa luta pelo Campeonato. E estou absolutamente convencido de que quando fizermos os primeiros 3 pontos na Champions, e espero que seja obviamente com o Bayer Leverkusen, mas temos Leverkusen e Ajax, e estou absolutamente convicto de que, ao fazermos pontos nestes jogos, nos metemos na luta, e que vamos lutar até o fim para nos qualificarmos. Esta resposta foi longuíssima, podemos ir já embora. Ficamos por aqui?

Hoje [sexta-feira], pudemos ver o Prestianni no treino. O que achou do Mundial que ele fez? Não sei se é opção para amanhã, mas o que pode trazer à equipa? Fica de alguma forma aliviado, porque houve muito barulho em volta das eleições, e amanhã pode terminar este período eleitoral? Sente que pode trabalhar mais tranquilamente com a equipa?

Não, nós sempre trabalhámos tranquilos. Honestamente, acho que o período pré-eleitoral deve ter sido extenuante para os candidatos, porque verdadeiramente o Benfica é assim, e deve ser extenuante. Com todo o amor que têm pelo Benfica, mas deve ser extenuante. Nós não. Nós, ao nível do nosso trabalho, ao nível do nosso dia a dia, aqui, internamente, conseguiu-se sempre vedar. Em casa, nós, estrutura, jogadores, todos nós – uns mais, outros menos –, obviamente que nos chegam mínimos ecos, mas, honestamente, não teve nenhum tipo de influência negativa. Fizemos o nosso trabalho o melhor que pudemos, portanto, a esse nível, não acho que haja nenhum problema. Acho que foi uma boa decisão nossa deixá-lo [Prestianni] ir. Não o tivemos 3 ou 4 jogos, mas acho que foi bom para nós termos deixado ir. É difícil dizer que não a um jogador que quer ir. Achámos também que devia ir exatamente para isto, para se desenvolver, para jogar, para competir – obviamente, contra miúdos da idade dele, mas competir é importante. Sentir responsabilidades é importante, sentir a pressão de jogar para a sua seleção – neste caso, uma grande seleção, com grande tradição –, sentir o que é jogar uma meia-final, sentir o que é jogar uma final. Acho que foi uma ótima decisão ele ter ido. Voltou, já treinou ontem [quinta-feira, 23 de outubro], já treinou hoje, está convocado, está no grupo e pode ser uma opção para nós, amanhã, principalmente vindo com confiança, com alegria – tristeza de perder, mas alegria de as coisas lhe terem corrido bem. É um miúdo que seguramente terá minutos amanhã e que nos pode ajudar.