Dia Mundial do Solo

O Dia Mundial do Solo foi criado em 2002 pela União Internacional de Ciências do Solo (IUSS) para celebrar a importância crítica do solo para a Humanidade, tendo sido adotado pelas Nações Unidas em 2013, proclamando a celebração anual desta efeméride no dia 5 de dezembro. O objetivo passa por alertar toda a sociedade para o papel crucial que o solo desempenha nos ecossistemas, e para a importância da existência de solos saudáveis que devem ser geridos de forma sustentável.

O solo é a interface entre a litosfera, atmosfera e hidrosfera, que sustenta a biosfera. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) define que os solos saudáveis são essenciais para a vida na Terra, garantindo a erradicação da fome, a segurança alimentar, a regulação do ciclo hidrológico e um desenvolvimento sustentável que permita a adaptação às alterações climáticas. Porém, os solos a nível global estão ameaçados por múltiplas formas de degradação.

A degradação do solo leva ao esgotamento de alguns solos em nutrientes, perdendo a capacidade de suportar culturas, enquanto outros solos atingem uma concentração elevada de nutrientes – e.g. devido à utilização incorreta de fertilizantes – que originam focos de contaminação de recursos hídricos, colocando em risco a saúde humana e animal e acelerando as alterações climáticas, por via do aumento da emissão de gases com efeito de estufa.

O desequilíbrio de nutrientes constitui uma das principais ameaças à saúde dos solos em todo o mundo, com graves efeitos ambientais e socioeconómicos, nomeadamente por conduzir à insegurança alimentar. Os sistemas agrícolas perdem nutrientes a cada colheita e, se o solo não for gerido de forma sustentável, a fertilidade diminui progressivamente e as plantas produzidas terão défice de nutrientes.

Cerca de 95% dos alimentos que ingerimos vêm direta ou indiretamente do solo, pelo que estes devem ser seguros e nutritivos, de modo a fornecer energia e nutrientes básicos, como para prevenir doenças e a ingestão de substâncias tóxicas nocivas. Nas últimas décadas, o nível de vitaminas e nutrientes nos alimentos diminuiu drasticamente, e estima-se que mais de 25% da população mundial sofra de falta de micronutrientes, fenómeno conhecido como "fome oculta" por ser difícil de detetar.

Alguns factos interessantes sobre o estado do solo e a sua importância atual e futura:

• O número de organismos vivos numa colher de sopa de solo é superior aos 8 mil milhões de pessoas na Terra;

• Dos 18 nutrientes essenciais às plantas, 15 deles são fornecidos pelos solos, enquanto 3 são absorvidos pelas plantas através da fotossíntese;

• As minhocas são uma autêntica fábrica do solo, cuja presença pode aumentar até 90% a capacidade de absorção de água pelo solo e aumentar a colheitas em 300%;

• A rotação de culturas e a utilização de plantas de cobertura, como leguminosas, aumenta o teor de carbono em 8,5% e de azoto em 12,8%, em comparação com monoculturas intensivas;

• Um terço dos solos a nível global estão degradados – estudos da Scientific American relevam que o esgotamento do solo entre 1975 e 1997 levou a que vegetais frescos tivessem perdas de 27% de cálcio, 37% de ferro, 21% de vitamina A e 20% de vitamina C;

• A produção agrícola terá de aumentar em 60% para responder à procura por alimento em 2050 – aumento esse que só poderá ser atingido através de uma gestão sustentável do solo.

Em 2022, o Dia Mundial do Solo (#WorldSoilDay) tem como mote a campanha "Soils: Where food begins", visando aumentar a consciência da importância de proteger o solo, abordando os principais desafios relacionados à fertilidade do solo, à sua saúde e ao desequilíbrio de nutrientes.

O ECO Benfica junta-se a este apelo para a necessidade de salvar os nossos solos, para garantir a nossa sobrevivência e para que as gerações futuras tenham acesso a níveis adequados de nutrição. Citando um provérbio japonês, "não fará sentido plantar sementes, depois de ficar com fome".