"Foco, determinação e agressividade para vencermos"

ANTEVISÃO

Vincando que o foco está completamente direcionado para a disputa do Benfica-Tondela, Bruno Lage prometeu uma equipa concentrada e empenhada para conquistar os 3 pontos no duelo deste sábado, 23 de agosto, a contar para a 3.ª jornada da Liga Betclic.

Mesmo estando aprazada no meio de um importante play-off de acesso à fase de liga da Liga dos Campeões, a receção aos beirões tem estatuto prioritário para o conjunto encarnado, que, conforme palavras do seu treinador, terá de manter os níveis de "determinação e agressividade" para bater, no Estádio da Luz (20h30), um adversário com uma "forma de jogar muito interessante".

Reforçando o bom início de época traduzido em 4 vitórias em 5 jogos, com nenhum golo sofrido, Bruno Lage realçou que, no contexto do calendário, importa "vencer", sabendo que há "margem de crescimento" para "convencer" na sequência da temporada.

Olhando para os números, o Benfica teve um arranque de temporada com 4 vitórias sem sofrer golos, e também com 5 jogos oficiais sem sofrer golos. Como justifica estes números? De que forma o Tondela pode desafiar este registo defensivo do Benfica?

Já não falávamos há imenso tempo [sorrisos], há 36 horas que não falávamos, vamos ver se temos muito assunto para falarmos hoje. Vou começar com um chavão: o jogo mais importante é o próximo. E digo isto com toda a sinceridade. A Liga dos Campeões é importante, traz prestígio aos jogadores, traz prestígio ao Clube, financeiramente também é muito importante, estrategicamente é muito importante... Tenho aqui algumas considerações sobre aquilo que nós fizemos no ano passado: chegámos aos oitavos de final da Liga dos Campeões, fomos a equipa portuguesa que mais pontos fez para o ranking de Portugal, batemos recordes de receita, mas no final não fomos campeões, e o que os Benfiquistas querem é ser campeões. Por isso, o nosso foco tem de ser total no Campeonato, no jogo com o Tondela. Por um lado, há 3 pontos que queremos vencer, por outro lado, sabemos que também temos muitas coisas a perder neste tipo de jogo. Por isso, a direção que quero levar nesta conferência é no foco, na concentração, na determinação, no empenho e na agressividade para vencermos o Tondela. É uma equipa que tem um treinador muito experiente, o Ivo [Vieira], que tem feito sempre bons trabalhos. Os dois resultados [do Tondela] são um pouco enganadores, a equipa apresenta uma forma de jogar muito interessante, é muito forte na construção, tem um jogador que eu conheço muito bem, que foi meu no Wolverhampton [Joe Hodge], três homens da frente muito interessantes a atacar a profundidade, um ponta de lança com um registo muito interessante ao nível de golos. Como tal, temos de estar muito concentrados, muito empenhados para vencer o jogo, que é o mais importante.

Bruno Lage já falou, inclusive no final do último jogo frente ao Fenerbahçe, que está do lado do Presidente Rui Costa decidir se Aktürkoğlu fica, ou não fica. A questão é: neste início de temporada, excetuando o jogo da Supertaça, Schjelderup foi a primeira opção, durante vários jogos, ele até marcou e assistiu. Agora, parece que Aktürkoğlu já vai ficar e, entretanto, passou Aktürkoğlu para a titularidade. Enquanto um gestor de homens, que tem de ser, naturalmente, no balneário, como vai gerir esta situação de um jogador que era para sair e vai ficar, e de outro jogador que pensou que era a época de afirmação, mas que, afinal, por Aktürkoğlu ficar, provavelmente já vai perder esse lugar no onze do Benfica? Porque os treinadores têm sempre um onze-tipo, um onze-base. Embora digam que não, têm sempre onzes preferidos para atacar o jogo...

Embora digam que não, mas você tem a experiência suficiente para dizer que não é verdade [sorrisos]...

Não, não. Enfim, eu não sou treinador. Do que vejo...

Eu sei... [sorrisos]. O mais importante, independentemente de haver decisões, ou não, sobre outro tipo de situações, quem toma as decisões sobre a equipa sou eu. Tenho de olhar para o rendimento dos jogadores dentro de campo, fora de campo, percebendo também tudo o que anda à volta, ao seu redor, o contexto e também a dinâmica da equipa. E uma coisa que é muito importante, e foi ao longo destes jogos que nós já fizemos, é a estratégia para o jogo, é eu escolher o melhor onze. Por isso, aquilo que me deixa satisfeito é que, em 5 jogos, 2 jogou o Aktür [Aktürkoğlu] e 3 jogou o Andreas [Schjelderup]. É isso que eu quero para a equipa, que sejam competitivos entre eles, para que no final eu tenha a capacidade de tomar as melhores decisões em função da estratégia a decidir. Isso é que é o mais importante.

A seguir ao jogo do Fenerbahçe, disse que preferia um bom resultado do que uma boa exibição, tendo em conta que o Benfica está a jogar de 3 em 3 dias. Quando os resultados não aparecerem e quando as exibições começarem, também, a não ser do seu agrado, como se vai justificar perante os adeptos?

Aquilo que temos de falar é a cada momento. Olhe, vou usar mais um chavão: Roma e Pavia não se fizeram num dia. Neste momento, temos de vencer, e, com certeza, depois, vamos ter tempo para convencer. Quando olhamos para os 5 jogos, já houve jogos em que estivemos muito bem, fomos elogiados, até mesmo por vós, por partilharem determinados momentos coletivos da equipa, e a fazer muitos golos. Por isso, neste momento, o resultado está em primeiro lugar e eu tenho total confiança. Estamos em agosto, fizemos um arranque muito positivo na época, neste momento estamos satisfeitos, mas sabemos que temos de dar todos muito mais. Por isso, neste momento, primeiro vencer e, depois, teremos tempo para convencer.

Falando em números, já referiu a solidez da defesa, mas para ganhar jogos é preciso marcar golos. Nestes primeiros 5 jogos, 6 golos marcados pelo Benfica são o pior registo dos últimos 15 anos. No final do jogo com a Fenerbahçe, Pavlidis dizia que a equipa tem de ser mais agressiva e mais criativa no ataque. Posto isto, mantém a ideia de que a Benfica não precisa de criativos e de que tem soluções internas, ou precisa de outras soluções para o ataque ser mais eficaz?

O Pavlidis, por acaso, até disse algo que nós tínhamos comentado logo a seguir ao jogo, que foi dar já a projeção daquilo que seria o jogo seguinte: ser mais agressivos no último terço. Iniciámos o jogo muito bem, no primeiro minuto tivemos uma grande oportunidade do [Richard] Ríos, e é nesse sentido que ele faz esse comentário. Mas eu queria olhar para aquilo que você falou e também responder às suas questões, e ao seu registo, também com uma pergunta. Lembra-se da última época em que o Benfica iniciou assim? Independentemente dos golos, mas com 4 jogos, 4 vitórias e 0 golos sofridos... É a primeira vez, por isso é que não se lembra. Esta é a primeira vez. Estamos a fazer isto, este grupo de jogadores está a fazer isto, e repito, sem ter férias, sem ter pré-época, e já fez 4 vitórias, sem golos sofridos, 5 jogos seguidos sem sofrer golos e venceu a Supertaça. Depois, se quiser olhar para o número de golos... Você disse que nos últimos 15 anos foi o pior arranque... Se olhar a 60, 70 anos, em 6 épocas que estão no top, duas têm lá o registo de um treinador português.

Disse que os Benfiquistas realmente queriam que o Benfica fosse campeão. Também reconheceu que eles, no final do jogo com o Estrela da Amadora, estavam insatisfeitos com a exibição. Objetivamente, sabendo que Roma e Pavia não se fizeram num dia, em que é que a equipa precisa de melhorar já?

A equipa tem de continuar a trabalhar, olhar para as coisas que tem feito de forma muito boa, dar continuidade e ter a consistência que nós temos de ter. Por isso, é como lhe digo: estamos em agosto, temos 5, 6 semanas de trabalho, temos de dar muito mais de todos nós para atingir os objetivos. Agora, aquilo que eu lhe garanto é que neste momento sinto a equipa muito motivada em continuar a dar projeção a este início de época, sabe que pode crescer. Jogadores que chegaram recentemente, há jogadores que só há 2 ou 3 dias é que já têm a sua própria casa, estavam em hotéis... Ou seja, estamos a fazer tudo ao mesmo tempo, e neste momento com este registo. Estamos satisfeitos, queremos mais, porque nós sabemos muito, e bem, qual é a exigência dos nossos adeptos.

Decorreram 2 meses desde o dia em que nos disse, nos Estados Unidos, que queria um extremo-direito, e admitiu-nos, até, que gostava de Moussa, do Feyenoord. Numa altura como esta, em que tem apenas um dia para preparar este jogo [Benfica-Tondela], seria mais fácil se já tivesse o plantel fechado, pelo menos no que toca a entradas? E, já agora, continua a querer, ou não, um extremo-direito?

Como lhe disse, faremos a análise do mercado no final. Aquilo que lhe posso garantir é que não há nenhum plantel fechado até o mercado fechar.

Dar-lhe a oportunidade de responder a Luís Filipe Vieira pelo que este disse na entrevista à CNN Portugal. Se mudou a sua essência enquanto treinador. Luís Filipe Vieira faz essa referência sobre a aposta nos jovens, acusando-o de já não o fazer.

Não tenho qualquer intenção de responder a nenhum candidato, desde que não seja ultrapassada a tal linha vermelha de que falámos aquando da primeira vez que falámos sobre as eleições. Essa linha vermelha não foi ultrapassada, não tenho qualquer intenção de falar sobre isso.

Pergunto-lhe se, com esta densidade competitiva, espera rodar a equipa frente ao Tondela.

Espero apresentar o onze em melhores condições. Aproveito a sua questão para agradecer publicamente ao Besiktas, porque nos deu a possibilidade de treinar no centro de treinos. Ou seja, porque é uma corrida contra o tempo, acabámos por treinar, ontem [quinta-feira], em Istambul, no centro de treinos do Besiktas, onde fomos muito bem recebidos. Como tal, é perceber como os jogadores vão recuperando, e amanhã [sábado], de manhã, decidir aquele que é o melhor onze para vencermos o jogo.

Aktürkoğlu foi titular frente ao Fenerbahçe. Será, também, uma opção para titular frente ao Tondela, ou foi uma escolha específica para o jogo [1.ª mão] do play-off?

É uma possibilidade jogar. Tanto ele como qualquer outro jogador, desde que treinem em condições, no limite, como eu gosto, podem ser opção para qualquer jogo.

Em relação a Aktürkoğlu, consegue garantir que ele vai ficar no Benfica?

Acho que já respondi a essa pergunta diversas vezes... Vou repetir: o Aktürkoğlu está muito feliz, está de cabeça, corpo e alma no Benfica. Se assim não fosse, não tinha feito o início de época que fez e o jogo que fez com o Fenerbahçe. O outro lado: há uma proposta, está nas mãos do Presidente. Agora, aquilo que eu sinto do jogador é que ele está de cabeça, corpo e alma no Benfica e quer ajudar a equipa a vencer jogos, tal como fez com o Fenerbahçe.