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Futebol
17 setembro 2025, 02h06
Rui Costa
"Quero comunicar a todos os Benfiquistas que acabámos de chegar a acordo com Bruno Lage, que deixa de ser treinador do Benfica no dia de hoje. Agradecer ao Bruno tudo aquilo que tentou fazer, tudo aquilo que fez pelo Benfica, todo o empenho que teve ao longo deste ano em que representou o nosso clube. Mas, infelizmente, chegou o momento, e entendemos que era o momento de alterar. Relativamente ao próximo treinador: contamos, evidentemente, que no sábado, na Vila das Aves, já tenhamos o novo treinador no banco", declarou Rui Costa ao início da madrugada desta quarta-feira, antes de responder a perguntas da comunicação social na Sala de Imprensa do Estádio da Luz.
Simultaneamente, a saída do treinador foi comunicada pela Benfica SAD à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nos seguintes termos: "A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa que chegou a um acordo com o treinador Bruno Miguel Silva do Nascimento (Bruno Lage) para a cessação do contrato de trabalho desportivo com efeitos imediatos."
Já tem o perfil para o novo treinador?
O perfil do treinador do Benfica tem de ser um perfil de ganhador. Nós tivemos esta semana – que é uma semana dura para todos os Benfiquistas, e lamento pelo jogo de sexta-feira com o Santa Clara e pelo jogo de hoje, que são completamente inesperados para aquilo que são os nossos argumentos e objetivos para esta semana –, mas não hipotecámos nada, não perdemos nada, não deixámos de estar em nenhuma competição. Entendo que este é o momento de trocar, precisamente para não hipotecar a época. E, de consequência, o treinador que vier tem de ser um treinador ganhador. Um treinador que represente um clube com esta dimensão, tem de ser um treinador que tenha capacidade para pôr esta equipa nos patamares que são exigíveis e que nos deem os títulos que pretendemos.
Pergunto se esse perfil ganhador é o perfil de José Mourinho.
É inútil estarmos aqui a falar de nomes. Não há treinador nenhum, neste momento, no Benfica, que está sem treinador. A única coisa que se passou após o jogo foi a conversa com Bruno Lage, e, portanto, a saída de Bruno Lage. Não entrou nenhum treinador hoje, nem está nenhum treinador falado no dia de hoje para representar o Benfica no futuro. Agora, evidentemente, temos as nossas preparações para que, e como disse anteriormente, no sábado, na Vila das Aves, o Benfica já esteja com um treinador no banco.
Porquê este fracasso, já refletiu? Foram feitas contratações fortes, reforços, bons jogadores, foi conquistada a Supertaça, houve a entrada na Liga dos Campeões e de repente a equipa desagrega-se, não cresce taticamente e há aqui uma impotência total da equipa em termos coletivos...
É por essa análise que nós tivemos de chegar a este momento. Acima de tudo, é isso. Como eu disse anteriormente, é uma semana pesada, uma semana dura para todos nós, para todos os Benfiquistas, que eu lamento profundamente. Não hipotecámos nada, mas, efetivamente, esta semana deixou-nos aqui uma marca. Teremos de conseguir levantar imediatamente a cabeça, pensar naquilo que são os objetivos do Clube e desta equipa, que estão todos intactos. Mas é difícil, até, explicar como é que a equipa – e vocês lembram-se, foi público o discurso que eu fiz à equipa após o apuramento para a Liga dos Campeões – tem esta mudança de um momento para o outro, pese embora – e não serve de desculpa, porque, se fosse uma desculpa, não estaria neste momento a tomar esta decisão – esta seja uma época muito atípica para o nosso clube. Vale a pena repetir que tivemos o período que tivemos de descanso, o período que tivemos de preparação para uma Supertaça e para uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e que, desde esse dia até hoje, a equipa não parou em nenhuma semana de jogar duas vezes por semana. A única que parou, digamos assim, foi aquela em que tivemos quase o plantel todo nas seleções, e não conseguimos trabalhar também. Mas o facto é que estes dois jogos deixaram uma marca. Infelizmente, para nós, temos de tentar mudar esse rumo agora.
No ano passado, despediu Roger Schmidt no dia 31 de agosto e, agora, despede Bruno Lage no dia 17 de setembro. Acha que isso é o reflexo da sua gestão do Benfica até ao dia de hoje?
Muito honestamente, por certo ou errado que eu esteja, sou muito apologista da continuidade dos projetos. Nós, no ano passado, acabámos por não ser campeões, acabámos por não ganhar a Taça de Portugal, mas acabámos por fazer uma época onde, a uma semana do fim, tínhamos tudo em aberto para ganhar tudo. Saímos dessa época nacional e fomos para o Mundial de Clubes, onde chegámos aos oitavos de final, eliminados por quem foi, depois, campeão do mundo [Chelsea]. Considerei, e considero – além da confiança que mantinha em Bruno Lage e além daquilo que considero ser importante no Clube, conseguir dar seguimento a um trabalho –, uma irresponsabilidade hipotecar, sim, a época [2025/26] logo de princípio. E hipotecar a época de princípio significava entrar para uma Supertaça e para uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões sem pré-temporada, com um treinador novo que pudesse não conhecer os jogadores ou que, inevitavelmente, não iria conhecer os jogadores, num período de mercado. Parecia-me – e continua a parecer-me – uma irresponsabilidade, e o facto é que os resultados vieram a dar-me razão. O Benfica conseguiu os dois objetivos que tinha naquele período, não esquecendo que, pelo meio, teria jogos do Campeonato e que, tirando o jogo do Santa Clara, acabou por fazer os pontos que tinha de fazer. Portanto, essa foi a minha decisão. Repito, além da confiança – certo ou errado – que mantinha em Bruno Lage. Na época passada, pese embora não tivéssemos ganhado, estivemos muito perto de ganhar tudo. E não há nenhuma equipa em descalabro que possa chegar ao final de uma temporada com possibilidades de ganhar tudo. Portanto, pensei, e penso, que foi a melhor decisão naquele momento para atingir os objetivos imediatos que tínhamos, sem sequer ter tempo de repouso e de preparação de uma época. Essa foi a decisão que foi tomada.
Acha que o treinador que irá apresentar, e neste caso o nome mais forte parece ser José Mourinho, é um trunfo para salvar o cargo no Benfica?
Eu não estou aqui para salvar cargos nenhuns. Eu sou Presidente do Benfica. Como vocês sabem, ainda nem sequer fiz campanha, ainda nem sequer fiz uma entrevista nos vossos canais, não fui ainda a lado nenhum fazer campanha, porque o meu objetivo, enquanto Presidente do Benfica, é assegurar o melhor futuro para o Benfica, independentemente daquilo que aconteça nas eleições. E esta tomada de decisão tem que ver, única e exclusivamente, com aquilo que é a época desportiva do Benfica, e para não hipotecar a época desportiva do Benfica. É por isso que eu estou aqui, é para isso que eu fui eleito, para tomar decisões em prol do Benfica, e estou longe de poder pensar, neste preciso momento, no que isto me traz ou deixa de trazer em termos de eleições. Mas estou muito perto de saber o que me pode trazer, ou não, para o futuro do Benfica. Essa é a única tomada de decisão que eu posso ter neste momento, e que eu quero ter neste momento. Nunca pus os meus interesses à frente do Benfica e não é agora que o vou fazer.
Estamos a cerca de 40 dias das eleições. Não colocou a hipótese de escolher um treinador interino, tendo em conta que também pode ter mais dificuldades que um treinador possa aceitar este cargo, sabendo que daqui a 40 dias pode mudar a Direção que possa ter outros planos para o Benfica?
A minha responsabilidade é fazer o melhor para o futuro do Benfica. E o futuro do Benfica não pode ser hipotecar uma época, quando ainda não perdemos nada daquilo que são os nossos objetivos. Estamos no início da época, perdemos 2 pontos no Campeonato que não devíamos ter perdido. Perdemos um jogo da Liga dos Campeões de uma forma difícil até de explicar, que não devíamos ter perdido, mas não perdemos nada ainda. O meu papel neste momento é assegurar o futuro do Benfica no melhor que eu posso fazer, e o melhor que posso fazer é não hipotecar a época.
No dia 31 de agosto [de 2024] despediu Roger Schmidt, revelou nessa conferência de imprensa que dentro de poucos dias o novo treinador, que não revelou quem era, iria estar a treinar a equipa, esse treinador era Bruno Lage. Passado um ano está aqui a anunciar a sua saída e está também a dizer-nos que, dentro de poucos dias, no sábado, o novo treinador já estará a orientar a equipa. Perante este padrão, como é que pensa dizer aos Benfiquistas "votem em mim, eu sou a melhor solução para o Clube", no sentido em que deu um voto de confiança a Roger Schmidt, despediu-o, contratou Bruno Lage e, passado um ano, voltou a despedi-lo. Ou seja, apostas que não se revelaram certeiras. Com as eleições à porta, que trunfos tem para dizer aos Benfiquistas "votem em mim, eu sou a pessoa certa"? E, já agora, para dizer que o treinador vai estar no banco no sábado, significa que já entrou em contacto com alguém...
Eu respondi há pouco quando me perguntaram se era José Mourinho, ou não era José Mourinho. Não entrámos ainda em contacto com nenhum treinador. Depois de acabar o jogo, a única coisa que eu fiz foi ter uma conversa com Bruno Lage, e chegámos ao fim da linha neste momento. Volto a agradecer tudo aquilo que o Bruno Lage fez pelo Benfica, ou tentou fazer pelo Benfica. Em relação àquilo que é o votar em mim ou deixar de votar em mim, como também respondi ao seu colega, não é essa a minha preocupação neste momento. A minha preocupação neste momento é liderar o Benfica no cargo que eu tenho hoje, que é de líder do Benfica, e, portanto, tomar as melhores decisões que entendo serem as melhores para o futuro do Benfica e não para o futuro de Rui Costa, ou para o futuro de quem quer que seja. Neste momento, a minha preocupação, como sempre foi, é assegurar o futuro do Benfica.
A presença de Mário Branco [diretor-geral para o futebol] no Benfica neste momento pode inclinar, de alguma forma, o Benfica na direção de José Mourinho? Os jogadores do Benfica têm também a sua quota-parte de responsabilidade nesta situação da saída do treinador, ou se, por outro lado, a responsabilidade é toda de Bruno Lage?
A vinda de Mário Branco é para ser diretor-geral de futebol do Benfica. Não era por Mourinho, ou deixar de ser Mourinho, independentemente do treinador que venha. Esse é um ponto assente. Se essa fosse a intenção imediata, se calhar Bruno Lage não tinha começado a temporada. Se os jogadores têm quota-parte, ou não têm quota-parte? Neste momento, toda a gente tem quota-parte. Quando as coisas não correm bem, ninguém fica isento de responsabilidades, a começar por mim, como é óbvio, como líder do Clube. Portanto, depois do que se passou nesta semana, evidentemente este é um período que temos todos de analisar o que é que não correu bem, sobretudo durante esta semana. Não esquecer que estamos pesados porque os jogos foram aqueles que foram, não direi 2 derrotas, foram 1 empate e 1 derrota, mas souberam a 2 derrotas e, portanto, temos de analisar o que se passou. Não podemos esquecer os tais 2 objetivos que nós tínhamos, e que aí, sim: se tivéssemos perdido contra o Sporting na Supertaça, tínhamos perdido um título; se não tivéssemos sido apurados para a Liga dos Campeões, tínhamos perdido um dos objetivos. Esses 2 objetivos foram conseguidos, agora perdemos pontos que nos penalizam, mas que não nos retiram de nenhum objetivo que traçámos no início da época. É apenas sobre isto que nós temos de trabalhar neste momento e dar a volta por cima o mais rapidamente possível, porque não há muito tempo a perder, como é óbvio.
Já teve a oportunidade de falar com os jogadores, ou com algum jogador, porque também estão muito implicados nisto. E, perante este cenário atual do Benfica, este desfecho, começava a época com Bruno Lage?
Eu expliquei porque comecei a época com Bruno Lage. Portanto, não sou jogador de Totobola à segunda-feira, portanto, não tenho a bola mágica, mas tenho a certeza daquilo que fiz, independentemente daquilo que se possa pensar. Para além da confiança que tinha em Bruno Lage, para além daquilo que mostrava o seu trabalho, havia 2 objetivos que implicavam muito conhecimento daquilo que tínhamos internamente, porque o tempo era muito curto para preparar 2 objetivos da dimensão que nós preparámos. E, de consequência, era importante que o Benfica começasse, e considero que era uma irresponsabilidade começar aquele ciclo, que era de extrema importância para o Clube, sobretudo estar presente na Liga dos Campeões, com um treinador que chegasse e, sem dias para trabalhar a equipa, tivesse de afrontar um desafio desta dimensão. Portanto, se me faz essa pergunta dessa maneira, não é ser casmurro, porque agora acabei por despedir um treinador, mas é ser consciente daquilo que era a necessidade naquele momento. E a necessidade naquele momento levava-me a dizer – como me levou e como conseguimos os objetivos – que era necessário um treinador que conhecesse na perfeição os jogadores que tinha, em tão curto espaço de tempo, sem pré-temporada, e em tempos de mercado, preparar, em 10 dias, as competições que nós tivemos de preparar. Acho que esta resposta é muito simples. E não é ser casmurro, ou não querer dar a mão à palmatória, ou aquilo que seja, mas são objetivos que foram traçados naquele momento e que acabaram por surtir efeito. E, sim, falei com os jogadores no final do jogo, sim. Eu falo sempre com os jogadores no final do jogo.
Quem vai dirigir o treino de amanhã [quarta-feira]?
Como devem calcular, o Benfica tem estrutura suficiente para poder dar o treino de amanhã [quarta-feira], com toda a certeza. Isso não será um problema, nem para a estrutura, nem para os jogadores.
Mas está designado?
Nós temos treinadores interinos, portanto, o problema de amanhã [quarta-feira] não existe. É um treino de recuperação depois do jogo de hoje, e temos estrutura suficiente, treinadores interinos que fazem esse papel na perfeição e estão preparados para isso, como é óbvio.
Garante o treinador já para o próximo sábado?
É o nosso objetivo, como é óbvio.
Será um treinador sempre a prazo, certo? Porque vêm eleições e, após 25 de outubro, nunca se sabe...
Os treinadores estão sempre a prazo, infelizmente. Com eleições ou sem eleições, um treinador está sempre a prazo. É evidente que ninguém queria chegar a este momento, mas, neste momento, eu considero que o mais importante é precaver a temporada desportiva do Benfica. Portanto, considerei que não pude evitar esta decisão, assim como não posso evitar contratar um novo treinador para assegurar o futuro do Benfica durante a temporada.