"Responder o mais rápido possível"

PÓS-JOGO

Na análise do Benfica-Qarabag (2-3), da 1.ª jornada da fase de liga da Champions League, disputada no Estádio da Luz, nesta terça-feira, 16 de setembro, Bruno Lage considerou que as águias foram penalizadas pela forma como consentiram os golos.

Em declarações à Sport TV, na entrevista rápida, o técnico foi taxativo. "Não era o resultado que nós queríamos. Acredito que começámos muito bem o jogo, fizemos 30 minutos muito bons. No entanto, sinto que a forma como sofremos o primeiro golo do adversário penalizou-nos um bocadinho", analisou.

"A equipa depois foi tendo algumas dificuldades em encontrar-se, em manter-se no jogo. Sofremos 2 golos que nos penalizam imenso. Aquilo que somos, a forma como defendemos, como somos compactos, penaliza-nos imenso. Por isso, fica o resultado que não queríamos, fica uma noite que não foi feliz", sintetizou Bruno Lage.

O treinador detalhou os 2.º e 3.º golos consentidos: "O que se viu foram dois lançamentos em profundidade. No primeiro, espaço entre defesa, entre o Dedic e o António [Silva], um espaço enorme. A bola entrou entre os dois. E depois uma bola nas costas, com a linha a subir, e a deixar gente para trás e a colocar em jogo. Mas isso vem na consequência daquilo que foi depois a tentativa da equipa, mais de uma forma emocional, em vencer o jogo. São erros que acontecem por aí, pelo desgaste que foi de corrida para trás e para a frente. E não deviam ter acontecido, mas aconteceram", lamentou, repetindo a ideia na conferência de imprensa.

Apesar do desaire, o timoneiro das águias aponta ao futuro. "A equipa tem de saber levantar-se, fazer a reflexão sobre aquilo que aconteceu e perceber muito bem o momento que estamos a viver, quer dentro de campo, quer fora de campo. E responder o mais rápido possível", sublinhou.

ADEPTOS MERECIAM OUTRO RESULTADO

"Olhe, antes de mais, afirmar que não foi a noite que queríamos oferecer aos nossos adeptos. Eles mereciam muito mais, mereciam 90 minutos à imagem do que foram os primeiros 30. E isso é que é a primeira mensagem, que vai para os nossos adeptos, porque realmente fizemos tanto e tão bem para estar presentes na Liga dos Campeões, que nem mereciam esta primeira noite europeia. Depois, recuperar aquilo que vos disse há uns tempos: eu nunca serei um problema para o Benfica. Tenho consciência de que o Benfica já me proporcionou tantas alegrias e proporcionou uma carreira que eu considero bonita, que nunca serei problema para o Benfica. Por isso, quando o Presidente sentir que não tem o apoio dos adeptos, eu sou o maior responsável por isso; quando o Presidente sentir que o rendimento da equipa... eu sou o principal causador disso; quando o Presidente sentir que a minha mensagem não passa aos jogadores, ou que os jogadores – o grupo – não estão comigo, ou quando o Presidente sentir que eu não sou, neste momento, a pessoa ideal para o lugar, o Sport Lisboa e Benfica só me paga até esse dia."

COM A MOTIVAÇÃO CERTA PARA DIGNIFICAR O BENFICA

"[Discurso de despedida?] Não, não, não, é um discurso em que disse que nunca serei um problema para o Benfica. Nunca serei um problema para o Benfica, não é despedir de nada. Não é despedir de nada. Tenho a motivação que tenho, sempre no máximo, temos de ser autocríticos e perceber o momento que estamos a viver, quer fora de campo, quer dentro de campo, e aquilo que eu não quero é ser um problema para o Benfica. Sabíamos para o que vínhamos, vocês perceberam isso desde o primeiro dia em que nós falámos nesta época, com o planeamento que tínhamos de fazer, agora, hoje [terça-feira] não é dia para voltar a fazer isso, é dia de olhar sempre para aquilo que nós tínhamos de fazer. E hoje conseguimos fazer durante 30 minutos. Por isso, fico consciente de que a equipa sabia o que é que tinha de fazer, mas depois cometeu... Acho que o primeiro golo trouxe alguma intranquilidade à equipa, uma vez mais o momento que se vive, também fora, não ajudou, não deixou a equipa tranquila para jogar. Mas, acima de tudo, fazer uma autocrítica, nós enquanto equipa técnica, enquanto equipa, e amanhã [quarta-feira] lá estaremos com a motivação certa para dignificar o Sport Lisboa e Benfica."

OLHAR PARA O QUE SE PODE CONTROLAR

"[Pelo que disse, nunca tomará a iniciativa de sair, portanto, o Presidente decide?] Quer mais claro do que aquilo que acabei de falar? [No jogo seguinte, se não ganhar, estará sempre em perigo...] Olhe, sobre o futuro, não lhe posso dizer, porque aquilo que nós controlamos é o nosso trabalho. Por isso, neste momento, é olhar para aquilo que fizemos, o jogo que fizemos, olhar para os primeiros 30 minutos, depois olhar para os 60, olhar muito – particularmente muito – para a forma como sofremos os 3 golos, que me deixa realmente muito triste, porque não é normal nesta equipa termos oferecido, principalmente, o 2.º e o 3.º [Sente condições de continuar enquanto treinador do Benfica?] Eu acho que já respondi à pergunta."

TRISTEZA PELO DESFECHO

"[Como se sentiria como adepto se estivesse na bancada hoje?] Ficava muito triste. [Está a sentir dificuldade a treinar o Benfica?] Não. Não me ponha noutro papel. Sou treinador do Benfica, e estou eu, estão os jogadores, estamos todos muito tristes e estamos muito críticos com aquilo que foi a nossa prestação. Sabemos que fazemos muito melhor, mostrámos na forma como iniciámos o jogo, não conseguimos fazê-lo durante os 90 minutos."

JUSTIFICAÇÃO PARA A QUEBRA

"[Motivos para a transfiguração da equipa depois de estar a ganhar 2-0] Há várias razões para isso. Acho que o primeiro golo intranquilizou a equipa. Depois continuámos a tentar continuar a jogar da mesma maneira. Nós tentámos também, depois com as alterações, refrescar os homens da frente para continuarmos a ser assertivos na pressão, e depois, na forma como nós defendemos, como nós jogamos, não podemos sofrer aqueles 2 golos. Por isso, o mais importante é que as coisas foram identificadas, nós, mesmo no banco, vimos a forma como sofremos os 2 golos. Não podemos, não podemos. A equipa, no 2.º golo, ofereceu muito espaço entre o lateral e o central. A equipa, no 3.º, sobe e deixa os jogadores para trás em situação de jogo para recuperar a bola e conduzir a bola dentro da área, e depois cria uma situação de finalização. Por isso, são erros que normalmente esta equipa não comete, mas cometeu hoje, infelizmente."