Isaac Nader é campeão do mundo!

DECLARAÇÕES À BTV

Com uma espetacular ponta final, Isaac Nader, atleta do Benfica, venceu a final dos 1500 metros dos Campeonatos Mundiais, que decorrem em Tóquio (Japão).

O português passou grande parte da prova integrado no meio do pelotão, mas, na aceleração final, ultrapassou vários adversários e, em cima da linha de meta, esticou-se para ultrapassar o britânico Jake Wightman e conquistar a medalha de ouro com o tempo de 3:34.10 minutos.

"Agora, estou um bocadinho mais tranquilo, já acredito que sim, que realmente fui campeão do mundo. É um momento de muita emoção e estou bastante feliz por poder, finalmente, concretizar um sonho", explicou, emocionado, Isaac Nader, aos microfones da BTV.

Foram 1500 metros muito táticos e difíceis, com o atleta que veste o Manto Sagrado desde os 18 anos a ser inteligente e a "dar tudo" até ao ouro.

"Numa parte da corrida estava um pouco fechado, mas, efetivamente, a faltar 200 metros abriu-se um ligeiro espaço. Eu coloquei-me um bocadinho mais por fora e esperei que nenhum atleta viesse pela pista 2 para atrapalhar aquilo que seria a minha tentativa de sprintar o máximo que pudesse nos últimos 100 metros. Realmente, isso aconteceu, tive essa sorte, e nos últimos 100 metros dei tudo o que podia dar. Quando passo para segundo, realmente, acreditei muito, e tinha de dar tudo até à meta. E está. É a primeira vez que meto o peito porque não é todos os dias que podemos ser campeões do mundo", analisou, detalhando, de seguida, as sensações vividas até ao lugar mais alto do pódio.

"A prova foi aquilo que era esperado, não? Era esperado que ela fosse uma prova lenta, ou pelo menos um bocadinho mais... Eu pensava que ia ser um bocadinho mais rápida do que o que foi a semifinal e a primeira eliminatória. E acabou por acontecer. Tudo era possível, sabíamos disso antes de partir. Era uma corrida muito aberta porque sabíamos que ia ser uma corrida mais lenta do que a que foi desde 2019… era o Campeonato do Mundo e a competição a nível global mais lenta dos últimos anos. E isso abre mais possibilidades para qualquer atleta que alinha na final. Hoje, felizmente, sorriu para mim", exultou o atleta luso.

E quanto a metas e objetivos futuros? Preparado para os Jogos Olímpicos Los Angeles 2028 e para conquistar uma medalha?

"Ainda faltam 3 anos. É muito tempo ainda. Muita coisa pode acontecer, muita coisa muda em 3 anos. O que importa aqui é continuar o caminho. Agora, ficamos contentes, celebramos aquilo que há para celebrar, porque, naturalmente, não é todos os dias que se é campeão do mundo. Temos de festejar, seja a conquista que seja. Com aquilo que conquistamos na vida, temos de celebrar. Mas, depois, a partir do momento que começarmos uma nova época, já acabou. Não faz sentido continuar com isto na cabeça. Porque hoje fui campeão do mundo, mas depois começa do zero. Em todas as corridas temos de dar o nosso melhor. Os favoritos têm de mostrar que são favoritos. Hoje, fui o mais forte dentro daquilo que foi a corrida. Consegui ser o mais forte, isso é o que importa", vincou o campeão do mundo.

Na conversa com a televisão oficial do Clube, o atleta analisou ainda a prova da colega de Seleção, e de Clube, Salomé Afonso, ela que terminou os 1500 metros femininos no 12.º lugar.

"Esta prova da Salomé não foi aquilo que queríamos e que eu acho que ela pode realmente fazer. Mas acho que a semifinal, tendo em conta o que aconteceu e aquilo que foi prejudicada... Bem ou mal, deixa-nos sempre uma mossa e, no fundo, tira-nos um pouco... O Campeonato são 3 corridas, é muito mais desgastante do que fazer uma Liga Diamante ou um meeting, porque, efetivamente, são corridas com mais ansiedade, mais nervos. Porque nós trabalhamos para correr estas provas. Trabalhamos para correr todas, mas especialmente estes Campeonatos do Mundo, ou da Europa, ou os Jogos Olímpicos… Este é que é realmente o foco da época, e este era o grande objetivo da época. Infelizmente não foi a corrida que desejávamos para a Salomé. Mas tudo é um processo, e a Salomé no ano passado foi semifinalista olímpica, agora é finalista mundial. Como tudo, temos de trabalhar mais, porque quando corre bem é tudo muito bonito, mas quando corre mal também é preciso... De uma maneira ou outra, temos de trabalhar igual, porque aqui não há dias fáceis, o nível é cada vez mais alto e nós temos de estar preparados para a exigência daquilo que nos pedem", concluiu.

Terminada a prova, já com a medalha de ouro ao peito, Isaac Nader falou do "momento mais importante" da sua carreira, em declarações à Antena 1.

"Ainda não tenho palavras. Nos últimos 100 metros acreditei muito que era possível. Quando vi que tinha mais pernas do que todos os outros, exceto do atleta que foi 2.º, sabia que ia ser até ao último metro com ele. Meti a cabeça no final, e acho que foi a primeira vez que meti a cabeça em toda a minha vida, mas, aí está, era o título mundial que estava em jogo. É o sonho de uma carreira. Eu trabalho para isto. Este título já ninguém me tira e passo a ter duas medalhas internacionais", afirmou o atleta.

Antes, Isaac Nader tinha deixado uma mensagem de agradecimento pelo apoio, nas redes sociais da Federação Portuguesa de Atletismo.

"Agradeço a todos os portugueses por todo o apoio que me passaram. Estou muito contente, esta medalha é para Portugal, para o nosso país", disse.

ANA OLIVEIRA À BTV 

Declarações da diretora do Benfica Olímpico sobre o sucesso de Isaac Nader.