Futebol

25 novembro 2025, 23h22

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José Mourinho

PÓS-JOGO

Na análise do triunfo desta terça-feira, 25 de novembro, do Benfica no reduto do Ajax, por 0-2, na 5.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, José Mourinho elogiou a forma como os seus jogadores respeitaram o plano de jogo rumo ao 1.º triunfo na presente edição da prova.

Na zona de entrevistas rápidas, em declarações à Sport TV, o treinador das águias fez uma primeira análise e considerou que a sua equipa controlou totalmente o jogo à exceção dos "caóticos" 10 minutos finais da 1.ª parte.

"Foi um momento em que perdemos um bocadinho o controlo, recuperávamos bola, perdíamos bola, recuperávamos bola, perdíamos bola... Estivemos, ali, um bocadinho em dificuldades nesse controlo. Na 2.ª parte, sim, é verdade que não fomos perigosos, é verdade que não conseguimos sair, mas eles tiveram uma única oportunidade, de Klaassen, e, depois, o jogo foi completamente controlado por nós. A sensação, agora, nos últimos 15 minutos de jogo, é que se em vez de 15 fossem 150 não marcariam na mesma. E essa solidez da parte da equipa, o esforço dos jogadores, a concentração dos jogadores, a alegria do grupo depois da vitória, é uma coisa bonita", adiantou.

Salientando que o Benfica soube jogar com as armas que tinha à disposição, José Mourinho elogiou a solidez e capacidade de jogar sob pressão dos seus jogadores na partida disputada na Johan Cruijff Arena, em Amesterdão.

"Disse ontem [segunda-feira], não me recordo se na conferência, se em alguma entrevista, que uma coisa é jogares a querer ganhar, e outra coisa é tu teres de ganhar. Esse teres de ganhar é uma pressão diferente. Disse sempre que nós não somos uma equipa com muita gente rápida no ataque, para podermos ser muito perigosos em transições. Tínhamos de fazer um jogo de outra maneira, e os jogadores fizeram-no muito bem. Os jogadores estão de parabéns, jogámos com as armas que tínhamos para jogar, soubemos defender bem, soubemos ser sólidos. O golo do Barreiro acaba, obviamente, com o jogo, mas, mesmo sem o golo do Barreiro, a sensação no banco é que o jogo estava controlado", reforçou.

Antes de rumar à conferência de imprensa, José Mourinho ainda explicou que tomou a decisão de reforçar a defesa com a entrada de Tomás Araújo para o lugar de Sudakov, para proteger António Silva e Otamendi de situações de 2 para 2 com os gigantes Weghorst e Dolberg: "Podia haver muita situação de cruzamento, podia haver muita situação de bola parada. Uma equipa que também tem de ganhar podia, seguramente, entrar em jogo mais longo e mais direto. Naquele momento, o objetivo era ganhar."

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RÓTULOS NÃO INTERESSAM

"[A imprensa neerlandesa diz que o 'Mourinho minimalista conseguiu novamente'...] O importante é que o fiz outra vez. O minimalista não interessa."

JOGADORES BEM, TREINADOR CONTENTE

"[Quantos jogadores tirava hoje ao intervalo?] Não tirava nenhum. Uns com maior preponderância no jogo, outros com menos, mas todos a cumprirem um plano de jogo, e todos com uma boa dedicação e uma boa entrega. Não tirava nenhum. Tanto que não tirava nenhum, que, com 5 substituições para fazer, só faço a primeira já nos últimos 15 minutos, e nem sequer fiz as 5, portanto, estava contente."

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BARREIRO É "JOGADOR À BENFICA"

"[Daqui para a frente, vai usar Barreiro como exemplo para a equipa em termos de atitude e entrega?] Estou de acordo que o Barreiro é jogador à Benfica. Pela atitude, pela serenidade, pela humildade, por aquilo que dá à equipa, pela multifuncionalidade, acho que é um grande jogador de equipa."

IMPACTO POSITIVO DAS CRÍTICAS DO RESTELO

"A primeira coisa que eu tenho a dizer é que, quando nós temos um país que tem comentários, não quero exagerar, mas eu dizia, a brincar, 23 horas por dia, nos mais diferentes canais de televisão, o Benfica obviamente que ajuda todos a terem tema de discussão, porque às vezes eu posso imaginar que os temas se podem esgotar, e de uma simples intervenção de um treinador ao intervalo, que o treinador depois não tem problema de a trazer para o domínio público, foi feito um bicho de sete cabeças. Eu hoje li um grande treinador português, que é o Sérgio Conceição, a dizer relativamente aos seus jogadores, e relativamente àquilo que foi o jogo que eles tiveram, penso que na Champions League asiática, em que ele diz: 'Eu tenho 52 anos, e a este ritmo eu também jogava', onde é que está o drama? Não vejo, e como eu dizia ao vosso colega – e espero que o Gustavo [jornalista que esteve na conferência de imprensa anterior] não tenha levado a mal –, eu, enquanto pai, não sou sempre simpático para com os meus filhos. Obviamente que os meus filhos são os meus filhos, estes aqui não são, mas são os meus jogadores, e eu acho que depois de 25 anos sentado no banco, e depois de 1200 e qualquer coisa half-time talks, como se costuma dizer, deem-me o crédito de poder, obviamente, errar, mas deem-me o crédito de eu achar que às vezes também posso fazer as coisas bem. Eu acho que o impacto [das críticas após o jogo com o Atlético] foi positivo, porque a equipa foi séria, houve quem jogasse melhor, houve quem jogasse... Eu não digo melhor nem pior, digo quem tenha tido maior preponderância no jogo, e quem tenha tido menos preponderância no jogo, mas os jogadores cumpriram, foram solidários; quando o jogo foi na direção daquilo que nós não queríamos, soubemos resistir; quando tivemos de fechar a porta no fim e ganhar o jogo nem que fosse por 0-1 – porque o 0-2 depois surge já como consequência de o adversário estar desequilibrado –, acho que é uma coisa normal, uma coisa absolutamente normal, aquilo que aconteceu."

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REVISÃO DA MATÉRIA DADA E CONTAS DE CABEÇA

"Nós perdemos, e bem, contra o Newcastle. Perdemos, e mal, contra o Chelsea, merecíamos mais. Perdemos mal contra o Bayer Leverkusen, merecíamos muito mais. Eu acho que o drama da situação é a derrota com o Qarabag. Porque, se imaginássemos, os 3 pontos com o Qarabag eram obrigatórios, com os 3 pontos de hoje seriam 6, faltavam-nos 3 pontos em 3 jogos, e a nossa situação seria fantástica. Com aquela derrota logo na entrada, depois não conseguimos fazer pontos nos outros jogos, a situação hoje era uma situação-limite. Eu não sei quantos pontos é que faltam, talvez só amanhã [quarta-feira] depois de todos os jogos é que possamos ter mais ou menos ali uma ideia de quantos pontos é que serão necessários, mas eu acho que, garantidamente, não precisamos de ganhar os 3 jogos, eu acho que não precisamos de 12 pontos, eu acho que não precisamos. Eu acho que precisamos de 9/10 pontos. É difícil? É difícil, mas estamos vivos."

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UMA EQUIPA QUE SOUBE SER... EQUIPA

"[Parabéns por manter o registo perfeito frente ao Ajax. Disse que, no passado, tinha ganho ao Ajax porque tinha Di María, Benzema Ronaldo, hoje eles não estavam lá. O que fez a diferença?] A equipa. A equipa foi uma equipa. Também venci o Ajax com o Manchester United, com uma performance de equipa. Uma performance que as pessoas do Ajax não gostaram na altura, mas a taça [da Liga Europa] está em Manchester. Hoje, a equipa não foi perfeita, mas a equipa foi boa. O que fizemos no 2.º golo era o que eu esperava que a equipa tivesse feito antes. O nosso bloco defensivo recuperou a bola inúmeras vezes, mas falhámos muitos passes a sair da pressão e a tentar fazer o que fizemos no 2.º golo. Portanto, jogar um jogo da Liga dos Campeões fora de casa e eles terem 1 remate na 1.ª parte, que valeu uma grande defesa do Trubin, e, na 2.ª parte, uma oportunidade do Klaassen... 2 oportunidades em 90 minutos num jogo da Liga dos Campeões fora de casa só é possível porque os rapazes jogaram de forma muito compacta."

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CONFORTO A SEGURAR A VANTAGEM

"[O que resultou particularmente bem no plano de jogo?] Nós não temos os extremos que o Ajax tem. Não temos jogadores rápidos para atacar os defesas no um contra um. Por isso, se o nosso bloco for permanentemente baixo, é muito difícil marcar golos, porque não temos isso. O que tentámos no início foi pressioná-los, jogar com uma linha subida. Fizemos isso, mas, no derradeiro período da 1.ª parte, perdemos essa capacidade e sentimos o perigo. Falámos sobre isso ao intervalo e disse-lhes que precisávamos de ter mais bola. Não podíamos perder tantas bolas na construção. Penso que perdemos uma de forma muito perigosa, quando o Richard Ríos fez uma 'assistência' na direção da nossa baliza para um jogador que ficou um contra um com o António [Silva]. Mas, à parte disso, fomos sólidos e estivemos confortáveis com a forma como defendemos. E como estávamos confortáveis, quando entrou o Dolberg – e, para ser sincero, treinámos com o Enzo [Barrenechea] em frente ao Otamendi e ao António e os jogadores estavam prontos para isso –, vi a maneira como a equipa estava confortável a defender e coloquei o Tomás [Araújo] para ter 3 contra 2 e superioridade. E, nos últimos 10/15 minutos do jogo, a equipa que estava a perder não foi capaz nem de marcar, nem de criar nada. Os rapazes foram brilhantes."

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"NÃO JOGA LUKEBAKIO, JOGA OUTRO"... E TALVEZ GENTE JOVEM

"[Velocidade de Lukebakio podia ter feito a diferença para matar o jogo mais cedo?] Podia, mas eu disse logo na primeira conferência, quando o Lukebakio estava lesionado, 'não joga o Lukebakio, joga outro'. E, ao jogar outro, não podemos jogar de igual modo, temos de jogar de maneira diferente. Contra o Atlético, tentámos perceber alguma coisa, e hoje jogámos com o Aursnes e com o Sudakov, que não nos dão esse tipo de jogo, mas que nos deram outras coisas, e é isso que nós temos de fazer. Estive hoje à tarde, obviamente, a ver, não a equipa B, mas a youth team contra o Ajax... Há jogadores que me despertam atenção, e mais oportunidades vão chegar para essa gente jovem."

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O REGRESSO SIMBÓLICO DE MANU

"A partir de agora, ele [Manu] tem é de treinar muito. O facto de eu não o ter levado para o jogo do Atlético foi exatamente porque ele treinou muito. Ele precisa de treinar, ele precisa de ganhar determinado tipo de intensidade, determinado tipo de dinâmica. Metê-lo no jogo tem os seus riscos. Por exemplo, se hoje o tivesse metido no jogo nos últimos 20 minutos, digamos assim, se calhar, 20 minutos a 200 à hora, como estava o jogo, seria seguramente demasiado para ele. Portanto, ele tem de ir a pouco e pouco. O facto de ele ter entrado hoje, acho que é simbólico, porque é o regresso depois de praticamente um ano sem jogar, e porque é a primeira vez que ele joga na Champions, e, ainda que tenha tocado na bola 3 ou 4 vezes, acho que o simbolismo é importante para um miúdo que tem trabalhado muito e que sofre, porque quem não joga à bola... sofre."

Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 25 de novembro de 2025

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