"Foco total neste jogo"

ANTEVISÃO

No regresso do Benfica aos compromissos na Liga Betclic, Bruno Lage garantiu "foco total" no desafio com o Nacional, adversário das águias na 25.ª jornada da prova, neste sábado, 8 de março, às 18h00, no Estádio da Luz.

O encontro com o emblema madeirense surge entre os dois jogos com o Barcelona, referentes aos oitavos de final da Liga dos Campeões, e o treinador encarnado referiu que irá eleger o melhor onze, "com a melhor estratégia". "É um jogo muito importante e queremos vencer", sublinhou durante a conferência de Imprensa de antevisão, no Benfica Campus.

Sobre a equipa, Bruno Lage revelou que António Silva será um dos titulares. Ao invés, Di María permanece indisponível, enquanto Tomás Araújo e Florentino estão em dúvida.

Como está a preparar esta partida, tendo em conta que o Benfica está em plena jornada europeia com o Barcelona? Vai fazer algum tipo de gestão?

Preparar da melhor maneira. Primeiro olhar para o Nacional, e verificar um Nacional um pouco diferente daquele que defrontámos há algum tempo. De realçar o facto de ter dobrado o número de pontos que tinha na altura, e com dinâmicas diferentes. Enaltecer, cada vez mais, o trabalho do seu treinador. Por isso, o nosso foco total tem de ser nesse jogo, olhar para a equipa e perceber qual é o melhor onze para jogar amanhã [sábado], em função do número de horas que tivemos para recuperar. E posso adiantar já que, dentro do melhor onze, o António Silva será um dos melhores para amanhã.

Tendo em conta isso e que, por exemplo, teve de substituir Tomás Araújo, pergunto-lhe – e porque acabou de dizer que o próximo jogo é o mais importante – se, de facto, vai conseguir fazer algum tipo de gestão para o resto da época. E, corrija-me se estiver errada, porque o Benfica está num momento crucial da época, pondera, ou não, fazer alguma gestão para o resto da temporada também?

O momento crucial do Benfica são todos os jogos, porque andamos a jogar praticamente desde setembro de três em três dias, por isso todos os jogos e competições são importantes. Neste momento, como disse, dependemos de nós no Campeonato, por isso o jogo de amanhã [sábado] é muito importante, e temos de escolher o melhor onze. O melhor onze é em função... não gosto muito de chamar gestão, mas olhar para os jogadores e perceber quais estão disponíveis, porque temos imensos fatores que nos obrigam a olhar para escolher o melhor onze. Temos jogadores a fazer, por exemplo... quatro jogadores a fazer Ramadão, um onze a recuperar, perceber muito bem como é que cada jogador recupera, os mais novos, os mais velhos, que tipo de toques vão tendo durante os jogos, algumas questões musculares, traumáticas, enfim... Há sempre um conjunto de situações que nos leva a ponderar para, depois, a cada momento, escolhermos o melhor onze, e também, claro, o lado estratégico e o momento de cada jogador.

Peço-lhe que esclareça o estado das lesões de Tomás Araújo, que saiu com queixas do último jogo, e também de Di Maria e de Florentino. Dentro da gestão que já disse que vai fazer, será uma gestão à semelhança daquela que vimos com o Santa Clara, quando o Benfica também estava a meio de uma eliminatória europeia, no caso contra o Mónaco, e onde Bruno [Lage] acabou por fazer sete alterações no onze inicial?

Di María ainda não está disponível para o jogo, e o Tino [Florentino] e o Tomás [Araújo] ainda estão em dúvida. Não usar a palavra gestão, mas eleger o melhor onze para o jogo de amanhã [sábado], com a melhor estratégia, porque é um jogo muito importante e queremos vencer.

O seu discurso foca-se muito neste jogo, mas no último encontro da Liga dos Campeões vimos que o Benfica desperdiçou muito e podia ter conseguido uma vantagem, portanto, é natural que a equipa tenha um sentimento de que pode virar esta eliminatória. Sente que os jogadores podem estar com outro foco num momento tão crucial desta época, ou seja, que neste jogo com o Nacional, uma equipa menor quando comparada com o Barcelona, já estejam a pensar mais à frente?

É uma pergunta muito interessante, mas eu vou pegar nela por dois momentos: o registo que a equipa tem tido em termos de ações ofensivas não foi apenas no jogo com o Barcelona; nos últimos jogos – Boavista, Braga e Barcelona – a equipa tem criado muitas oportunidades de golo. Até se nós juntarmos os dois jogos que fizemos com o Barcelona, realmente criámos muitas oportunidades de golo tanto num jogo como no outro. Esse é o primeiro lado da questão. E o segundo é que nós já tivemos o mesmo sentimento quando jogámos o primeiro jogo [da eliminatória] com o Mónaco, o sentimento de que podíamos ter feito mais golos e que as eliminatórias podiam estar fechadas. Na Liga dos Campeões isso não acontece, e depois em casa fizemos o resultado que nos permitia seguir em frente. A nossa ambição é essa, é de seguir em frente, mas, sobre aquilo que é o jogo com o Nacional, nós já tivemos também Mónaco, Santa Clara, Mónaco, Boavista, e a equipa não perdeu o foco. Por isso, acredito e sinto que amanhã [sábado] a equipa vai estar focada naquilo que é mais importante, que é o jogo com o Nacional.

Já referiu que tem quatro jogadores a cumprir o Ramadão. Teme que o rendimento destes jogadores fique um pouco afetado, principalmente o de Kökcü e Aktürkoğlu, que são jogadores habitualmente titulares? O que é que é feito para que estes jogadores tenham o máximo de rendimento possível?

Não estamos preocupados com o rendimento deles, até porque o passado... Tivemos essa preocupação, através de um elemento da equipa técnica, o Alexandre Silva, de tentar perceber como é que os jogadores se comportaram no Ramadão em épocas anteriores, e, realmente, os registos dos jogadores são interessantes em termos de rendimento e performance. Por isso, tivemos esse cuidado de perceber, e a única alteração que fizemos foi uma ligeira adaptação ao horário de chegada, para que os jogadores não estejam aqui nas instalações tanto tempo no início da manhã, chegam numa hora mais próxima da do treino.

Disse, no final do jogo com o Barcelona, que não precisaria de palavras para António Silva. Entretanto, já falou com ele? E, se não falou, do que é que ele precisa?

Precisa de estar tranquilo e continuar a jogar. Há um sítio onde ninguém falha, que é no sofá. Eu tenho um exemplo muito claro disso, porque é giro... Após cada jogo falo sempre com o meu pai, que foi treinador, foi jogador, foi avançado, jogou na antiga III Divisão. E ele, em cada jogo, faz sempre três golos. Eu vou contabilizando, e ele, no final da época, marca sempre entre 90 a 100 golos. Por isso, esse é o único sítio onde ele está tranquilo, no sofá ninguém falha. Dentro do jogo, toda a gente falha. Falhámos passes, falhámos receções, falhamos dribles, falhamos remates à baliza. Penalizamos mais quem? Quem está na linha defensiva, quem está na baliza, porque, aí, os erros são mais visíveis e penalizam mais. Por isso, aqui é darmos tranquilidade. Não falei com o António, e ele já sabe que amanhã [sábado], dos 11, ele está eleito para jogar.

Voltando ao tema António Silva: disse-nos que não falou com o jogador, normalizou, até, o erro que aconteceu no jogo com o Barcelona. Por que é que fez questão de vir aqui dizer que António Silva vai ser titular amanhã [sábado]? É uma mensagem para o exterior?

Não, já o fiz várias vezes. Já disse que o Samu [Samuel Soares] ia ser titular, que o António ia ser titular. É valorizar os nossos jogadores, e nós valorizamo-los muito. Aqui... olhamos sempre para o pequeno detalhe do erro e nunca para aquilo que vamos fazendo de bom. Nós, enquanto treinadores e agentes do futebol, temos de olhar para as duas medidas e perceber que temos um plantel à nossa frente, que temos jogadores à nossa frente e que temos jovens à nossa frente, que têm de crescer, evoluir e responder a cada momento. Vou-lhe dar um exemplo. O António é um jovem que já provou o seu valor, e continua a provar que é um grande jogador. Do outro lado, estava também um jovem jogador [Cubarsí] que, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, aos 20 minutos, comete uma falta e é expulso. Nós temos de olhar para o jogador, para o homem e valorizar muito aquilo que temos. Eu, enquanto treinador, acredito sempre muito nos meus jogadores, e a minha postura é sempre a de tirar o melhor de cada um deles a cada momento.

O que achou do momento em que as claques do Benfica lançaram pirotecnia no Estádio da Luz? Pergunto-lhe também se vai votar na AG de amanhã [sábado]? O regresso de Di María é fundamental para a equipa virar a eliminatória em Barcelona?

Ainda não sabemos se Di María vai estar disponível para esse jogo. Aquilo que é importante sobre os adeptos é o dia de amanhã. Amanhã é dia de Benfica, é dia das Casas Benfica, e aquilo que eu desejo é que dentro do Estádio seja uma voz a puxar pela equipa e a apoiar a equipa.

Ontem [quinta-feira, 6 de março], o Maisfutebol noticiou que em maio de 2023 jantou com Frederico Varandas, para uma possível saída de Ruben Amorim. A pergunta que lhe faço é se nessa altura, se nesse jantar, ficou com a ideia de que poderia vir a substituir Ruben Amorim no Sporting, e se era uma ideia que lhe agradou na altura.

Não sei quem lançou a notícia, mas é mentira. Não sei de que forma, consciente ou inconscientemente, ou com que interesse, é que essa notícia sai neste momento, mas é 100 por cento mentira. Nunca jantei com o presidente do Sporting. Aquilo que sinto é um enorme orgulho em ser treinador do Benfica, e o que eu quero é olhar para a parede por que passo todos os dias e, até final da época, mudar o número de Taças conquistadas, o número de Campeonatos conquistados e levar o Benfica o mais longe possível na Champions.